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Cidades

Nos cinemas, filme mostra história do voo sequestrado saindo de BH

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Divulgação

Um novo filme, lançado recentemente nos cinemas do país, está chamando a atenção dos espectadores ao relembrar um evento marcante da história brasileira.

“O Sequestro do Voo 375” traz à tona a tentativa de assassinato contra o ex-presidente José Sarney, ocorrida em 1988. A produção dirigida por Marcus Baldini e com roteiro de Lusa Silvestre e Mikael de Albuquerque já conquistou o prêmio de Melhor Roteiro no Los Angeles Brazilian Film Festival.

A trama se passa no dia 29 de setembro daquele ano, quando Raimundo Nonato Alves da Conceição, um tratorista desempregado de 28 anos, embarcou em um voo da extinta Vasp no Aeroporto de Confins, em Belo Horizonte, com destino ao Aeroporto do Galeão, no Rio de Janeiro. No entanto, o objetivo de Nonato era derrubar a aeronave no Palácio do Planalto, em Brasília, com o intuito de assassinar o presidente Sarney.

O plano nefasto foi impedido graças à bravura do piloto Fernando Murilo de Lima, que conseguiu salvar a vida das mais de 130 pessoas a bordo.

Infelizmente, o copiloto Salvador Evangelista, conhecido como Vângelis, foi morto com um tiro na cabeça antes mesmo de poder reagir. Apesar do heroísmo do piloto, ele foi ignorado pelo presidente Sarney e apenas recebeu uma medalha da Força Aérea Brasileira (FAB).

Nonato, natural do Maranhão, vivia em uma pensão no Centro de Belo Horizonte e estava revoltado com a situação política do país. Sua intenção era atentar contra a vida do presidente, mas ele acabou sendo baleado de forma duvidosa e faleceu após ser levado para um hospital.

O filme apresenta personagens fictícios, como Terezinha, suposta filha de Nonato, e Claudia, uma comissária que se passa por irmã do copiloto assassinado. Essas adições à trama ajudam a criar uma narrativa envolvente e emocionante.

Uma das manobras impressionantes relatadas por testemunhas e pelo próprio piloto é conhecida como tonneau, na qual o avião fica de cabeça para baixo. No entanto, vale ressaltar que essa manobra não é reconhecida pela aviação como possível de ser realizada por uma aeronave daquele porte.

A produção do filme utilizou um Boeing original da década de 80 que pertencia a um colecionador de Goiás. Para recriar a cena em que o avião fica de ponta-cabeça, uma parte da aeronave foi acoplada a um maquinário que girava 360º. Os atores tiveram que tomar remédios para enjoo a fim de suportar as condições e gravar as cenas realistas.

Curiosidades

Curiosamente, o sequestro do voo chamou a atenção até mesmo do terrorista Osama bin Laden, fundador da Al-Qaeda. Notícias sobre o incidente brasileiro foram encontradas em um dos esconderijos de Bin Laden, sugerindo que ele teria estudado o caso antes de planejar os ataques terroristas nos Estados Unidos, em 2001.

Outro aspecto interessante relacionado ao incidente foi a entrada de Nonato armado no avião. Na época, os aeroportos não possuíam detectores de metais como os atuais, o que permitiu que ele embarcasse tranquilamente com um revólver calibre 32 na mochila.

O filme também aborda a vida após a tragédia para Wendy Evangelista, filha do copiloto Salvador Evangelista. Hoje em dia, ela se tornou psicóloga e especialista em aerofobia, auxiliando pessoas que têm medo de voar. Em suas redes sociais, Wendy compartilha sua própria experiência e oferece apoio para aqueles que enfrentam essa fobia limitante.

A morte de Nonato ainda é cercada de mistérios. Embora tenha sido baleado durante uma tentativa de fuga em um aeroporto em Goiás, o certificado de óbito indica que ele faleceu por anemia falciforme, uma condição médica sem relação direta com os ferimentos. Há suspeitas de que ele possa ter sido assassinado por meio de uma injeção letal, mas não existem provas concretas para confirmar essa teoria.