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Cubanos são recrutados para guerra na Ucrânia com salários de R$10 mil
Desde fevereiro de 2022, a frase “Procuram-se combatentes” tem se tornado comum na guerra liderada pela Rússia na Ucrânia. Segundo uma investigação conduzida pela BBC, essa oferta tem seduzido muitos cubanos.
O recrutamento de cubanos para o conflito teve início em setembro e outubro de 2023, quando detalhes de passaportes de mais de 200 alistados nas Forças Armadas russas foram vazados online pela plataforma pró-ucraniana InformNapalm. Esses dados foram obtidos através de e-mails hackeados de um oficial de recrutamento militar russo baseado em Tula, ao sul de Moscou.
Uma análise da BBC revelou que 31 indivíduos, cujos detalhes de passaporte foram divulgados, possuíam perfis nas redes sociais que indicavam vínculos com a Rússia ou com o Exército russo. Alguns compartilharam fotos vestindo trajes militares russos ou em locais com características claramente russas.
Além disso, muitos começaram a compartilhar conteúdo relacionado à Rússia por volta de agosto de 2023, sugerindo sua possível hora de chegada ao país.
O recrutamento de estrangeiros pelo Kremlin ajuda a compensar as perdas significativas que a Rússia sofreu no conflito em curso na Ucrânia, que resultou na morte de dezenas de milhares de soldados russos. Essa estratégia também contorna os problemas surgidos ao forçar os cidadãos russos ao serviço militar, uma tática que levou a um êxodo em massa durante uma mobilização parcial em 2022.
Para os cubanos, ingressar no exército russo apresenta diversos atrativos. Os laços históricos entre Rússia e Cuba, desde a era da Guerra Fria, facilitam o recrutamento. Além disso, a perspectiva de contratos militares lucrativos, com pagamentos mensais equivalentes a R$10 mil, é atraente para homens cubanos enfrentando sérias dificuldades econômicas em seu país, onde o salário médio mensal é de cerca de R$175.
A oportunidade de obter cidadania russa também é um atrativo significativo para muitos recrutas cubanos. Embora o número exato de cubanos servindo no Exército russo ainda não seja claro, estimativas sugerem que várias centenas podem ter aderido, com alguns destacados para regiões ocupadas do leste da Ucrânia, em vez de posições na linha de frente, conforme relatado pelo “Wall Street Journal”.
Em setembro do ano passado, a polícia de Havana prendeu 17 pessoas sob acusações relacionadas a uma rede de tráfico humano que supostamente atraía jovens cubanos para lutar na Ucrânia ao lado dos militares russos. O governo de Cuba, na época, afirmou que não participava da guerra na Ucrânia e rejeitava a utilização de seus cidadãos como mercenários.