x

Entretenimento

Globo revê estratégia de cobertura do carnaval para 2025 após críticas

mm

Publicado

em

Reprodução / TV Globo

Sob intensa pressão de telespectadores e amantes do Carnaval, a Globo decidiu não repetir em 2025 o erro de escalar influenciadores para a cobertura dos desfiles das escolas de samba do Rio de Janeiro e São Paulo. Por determinação de Amauri Soares, diretor dos Estúdios Globo, repórteres voltarão às zonas de concentração e dispersão dos sambódromos nas duas cidades.

Uma novidade para o próximo ano é a extensão dos desfiles para cinco dias, ao invés de quatro. Em São Paulo, os desfiles continuarão a acontecer na sexta e no sábado. No Rio de Janeiro, haverá um dia adicional, com desfiles também na terça-feira.

Conforme o acordo firmado entre a Globo e a Liesa (Liga Independente das Escolas de Samba do Rio de Janeiro), quatro escolas desfilarão por noite. Essa mudança significa que os espetáculos começarão mais tarde, impactando menos a grade da emissora, e terminarão mais cedo.

Equipe de apresentação

Karine Alves, Alex Escobar e Milton Cunha, bem avaliados pela emissora em 2024, continuarão na apresentação do Carnaval do Rio de Janeiro. No entanto, ainda está sendo discutido internamente se também cobrirão os desfiles de São Paulo, devido ao desgaste de cinco noites consecutivas de trabalho.

É certo que jornalistas experientes como Mariana Gross, Bette Lucchese e Pedro Bassan voltarão a ocupar seus lugares de direito, substituindo influenciadores. A Globo reconheceu que foi um erro abrir mão dos profissionais na cobertura do Carnaval de 2024.

A falta de repórteres especializados, que conhecem ou estudam as escolas e seus personagens, resultou em uma transmissão sem profundidade informativa. O evento recebeu uma enxurrada de reclamações nas redes sociais, críticas da imprensa especializada e até um protesto da Fenaj (Federação Nacional dos Jornalistas).

Repercussão negativa

A Fenaj publicou em seu site um texto criticando a cobertura da Globo, classificando-a como um “desrespeito aos telespectadores, às escolas e ao Carnaval”. Segundo a entidade, a emissora “conseguiu invisibilizar o maior espetáculo da Terra com uma cobertura pífia, sem profissionalismo, sem a beleza, os detalhes, as alas, alegorias. A história de cada enredo das escolas do Grupo Especial foi engolida por influencers e celebridades que não são jornalistas. Um desastre.”

A Fenaj apontou que a Globo recorreu a influenciadores porque demitiu centenas de jornalistas em 2022 e 2023, incluindo Mônica Sanches, veterana da Sapucaí, que criticou a falta de seriedade na preparação da cobertura dos desfiles. “Dos 40 anos da Sapucaí, participei de 30 transmissões, estudando os enredos, os sambas, visitando os barracões, levando essa preparação muito a sério. É o mínimo que se espera de quem vai pra avenida cobrir o maior espetáculo da Terra, né, não?”, escreveu ela no Instagram.

Tentativa de Recuperação Financeira

A decisão de substituir jornalistas por influenciadores em 2024 foi uma tentativa da Globo de reabilitar financeiramente a cobertura do Carnaval. Após vender até cinco cotas de patrocínio antes da pandemia, a emissora se viu com apenas um único anunciante em 2023, resultando em um grande prejuízo.

A ideia era que influenciadores, ao contrário dos jornalistas, poderiam fazer publicidade, atraindo mais anunciantes. No entanto, a estratégia não funcionou. O mercado não comprou a ideia, e a Globo vendeu apenas duas das quatro cotas de patrocínio para 2024, arrecadando R$59 milhões, ainda insuficientes para cobrir os custos de produção e direitos.

Com essas mudanças, a Globo espera recuperar a credibilidade e a qualidade de sua cobertura do Carnaval, oferecendo aos espectadores uma transmissão rica em informações e detalhes que celebram verdadeiramente o maior espetáculo da Terra.