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Escola troca professores por IA e tem mensalidade de R$ 18 mil
Alunos têm apenas duas horas de aula por dia em matérias básicas; restante do currículo é baseado em atividades práticas
Uma escola em Austin, no Texas (EUA), decidiu trocar os professores por inteligência artificial (IA). As mensalidades da Alpha School começam em R$ 18 mil, com os alunos tendo apenas duas horas de aula por dia.
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Em vez do modelo tradicional de sala de aula com educadores à frente, a Alpha aposta em apenas duas horas diárias de ensino guiado por IA para matérias como matemática e leitura, enquanto o restante do tempo é voltado a oficinas práticas e outras atividades extracurriculares.
No método desenvolvido pela Alpha, os alunos são acompanhados por softwares inteligentes durante o aprendizado das disciplinas essenciais. Após esse período, participam de experiências orientadas por “guias” adultos, que não desempenham o papel de professores convencionais.
Uma parte significativa da jornada escolar envolve o incentivo à autonomia, com os estudantes conduzindo projetos práticos, negócios próprios ou participando de discussões temáticas, como explorações científicas e estudos históricos acompanhados de dinâmicas lúdicas.
O principal diferencial do sistema é a personalização do ensino, onde cada estudante avança conforme seu próprio ritmo, sem depender da turma ou do progresso coletivo. Não existe progressão por séries regulares, mas sim objetivos individuais estabelecidos no currículo adaptativo.
Segundo dados internos da Alpha, a promessa é acelerar o progresso acadêmico em até 2,6 vezes quando comparado ao modelo tradicional. O foco não recai apenas sobre conteúdos acadêmicos, mas também no desenvolvimento de habilidades chamadas de “life skills”, entre elas criatividade, coragem e adaptabilidade.
Our high schoolers are busy learning regular school stuff (aka academic learning, which we spend 2-3 hours per day on) AND building their own businesses. We have several successful, income-producing businesses to brag about. We are so proud of our awesome, driven students! pic.twitter.com/1LqSvje0fe
— Alpha (@AlphaSchoolATX) November 27, 2023
O cotidiano escolar passa a ser repleto de workshops e vivências práticas, nos quais a inteligência artificial atua como ferramenta principal para a aquisição de conhecimento. Alunos do ensino médio, por exemplo, podem inclusive deixar o ambiente escolar para participar de reuniões de trabalho, já que muitos desenvolvem negócios próprios desde cedo.
Processo seletivo
Para ingressar, há um processo definido por três etapas. Primeiro, as famílias participam de uma apresentação para conhecer o funcionamento da escola. Depois, preenchem um formulário detalhado, fornecendo informações sobre necessidades específicas de aprendizagem e dados da família. Nesse estágio, também se faz o envio de documentos, como histórico escolar, contatos de emergência e autorizações de imagem e coleta de dados pessoais.
O passo final consiste no chamado “Shadow Day”, um dia de teste no qual o estudante interage com a metodologia proposta, experimentando aplicativos de inteligência artificial e participando dos workshops. Um comitê analisa a candidatura em profundidade antes de apresentar uma oferta formal de matrícula. Todo o processo envolve ainda o pagamento de uma taxa, tanto de inscrição quanto de matrícula.
The transformation into a food scientist lies less in the knowledge of culinary analysis, and more in the donning of nitrile gloves while looking in the general direction of food.#lifeskills #foodscience #atxeats #educatedifferently pic.twitter.com/3Y7II2JEsD
— Alpha (@AlphaSchoolATX) May 3, 2022
Críticas
A adoção maciça da IA no ambiente escolar já levanta questionamentos entre especialistas em educação, sindicatos de professores e até órgãos governamentais. Entre as preocupações mais comuns reveladas ao Times e à revista Forbes, estão o impacto no desenvolvimento emocional e social dos jovens, já que a convivência direta com colegas, mediada por educadores, é limitada. Existe também o receio do excesso de tempo em frente às telas, substituindo atividades físicas e interações mais tradicionais.
Outros pontos de debate incluem a preparação dos “guias” que substituem o papel do professor e a ausência de evidências sólidas, até 2025, sobre o desempenho dos estudantes em processos seletivos de universidades.
Em alguns estados norte-americanos, o credenciamento desse modelo já foi negado, sob alegação de falta de comprovação dos resultados e possível descompasso acadêmico para alunos que migrarem para sistemas convencionais.