Mundo
Ex-pastor é acusado de abuso sexual infantil e tráfico de menores
Depoimentos registrados nas queixas contra o ex-pastor relatam episódios de coerção, humilhação física e exploração sexual
Um ex-pastor ligado a uma grande igreja evangélica norte-americana, a megaigreja de Riverside, na Califórnia (EUA), é acusado de abuso sexual e tráfico de menores durante anos em um abrigo infantil que dirigia em Bucareste, na Romênia.
- Pastor é preso por trocar ‘nudes’ com adolescentes de 15 anos
- Vídeo: pastor tem mal súbito em culto e morre durante live
- Ex-pastor é preso vendendo drogas em loja de bicicletas
De acordo com processos judiciais abertos na Califórnia, as denúncias partiram de dois homens romenos.
No centro das acusações está Paul Havsgaard, anteriormente pastor em uma das maiores igrejas evangélicas de Riverside, a Harvest Christian Fellowship. Segundo relatos apresentados à Justiça, Havsgaard teria cometido abusos físicos e sexuais, além de explorar menores no abrigo durante um período prolongado, de acordo com o NY Post.
Segundo as investigações, as crianças acolhidas, muitas vezes vindas das ruas, eram atraídas sob falsas promessas de segurança, educação e alimentação adequada, mas encontraram ambientes de risco e sofrimento.
Denúncias
As ações judiciais registradas identificaram Marian Barbu, de 33 anos, e Mihai-Constantin Petcu, de 40, como os principais autores das denúncias. Em depoimentos registrados nas queixas, ambos relataram episódios de coerção, humilhação física e exploração sexual, além do envolvimento de outros jovens no local.
Segundo os documentos apresentados no tribunal, os abusos teriam ocorrido no período em que Havsgaard administrava fundos e rotinas do abrigo, frequentemente sem a devida supervisão do órgão missionário responsável. As vítimas relatam também dificuldades emocionais e sociais desde a época da infância, o que teria impactado suas vidas adultas e a capacidade de superar o trauma.
Advogados apontam negligência
A discussão sobre o papel das instituições religiosas em situações como essa ganhou força após o caso. O processo judicial menciona não apenas Havsgaard, mas também nomes ligados à liderança da igreja, entre eles o pastor-fundador, Greg Laurie, famoso por suas atividades de evangelização e publicações. Os advogados alegam negligência, dizendo que havia sinais claros de má conduta e denúncias de terceiros, como doadores e visitantes, que não teriam sido investigadas adequadamente.
Ainda foi citado no processo que a transferência mensal de fundos para a conta pessoal do então missionário levanta dúvidas sobre a transparência e prestação de contas dessas iniciativas. A igreja, por sua vez, negou qualquer responsabilidade direta e classificou as acusações como falsas, informando também que já havia repassado a denúncia para as autoridades competentes.
Vítimas
Relatos apontam que muitos dos jovens continuam enfrentando problemas de saúde mental, dificuldades para se inserir na sociedade e, em vários casos, vivem em situação de vulnerabilidade econômica. Segundo os advogados das vítimas, novos processos podem ser apresentados ainda este ano, envolvendo outros ex-residentes do abrigo.