Cidades
Michelle e Eduardo incentivavam que Bolsonaro desse golpe, diz Cid
A delação premiada do ex-ajudante de ordens do ex-presidente Jair Bolsonaro, tenente-coronel Mauro Cid, promete complicar muitas pessoas do entorno dele, incluindo sua esposa, Michelle e um de seus filhos, Eduardo.
Os dois davam incentivos para que o então presidente desse um golpe de Estado no Brasil, assumindo o país à força e invalidando as eleições que consagraram Lula como o novo presidente. Pelo menos é o que Cid contou no acordo, segundo o UOL.
Cid, que foi preso em maio deste ano e posteriormente solto em setembro após firmar o acordo de delação com a Polícia Federal, teria afirmado que esse grupo de conselheiros extremistas alegava que Bolsonaro contava com o apoio da população e dos atiradores esportivos.
No entanto, o plano de golpe não avançou devido à falta de concordância dos comandantes militares, conforme relatou Cid. Apenas o comandante da Marinha, almirante Almir Garnier, teria manifestado apoio a uma proposta golpista apresentada.
Além disso, Cid revelou que Bolsonaro resistia em desmobilizar os apoiadores acampados em unidades militares por acreditar que poderiam ser encontradas supostas fraudes nas urnas. No entanto, nenhum indício de fraude foi encontrado, segundo o tenente-coronel.
De acordo com o UOL, as informações da delação estão sendo analisadas pela equipe do subprocurador-geral da República Carlos Frederico Santos, na Procuradoria-Geral da República. Em entrevistas, Carlos Frederico afirmou que Cid não apresentou provas que corroborassem seus relatos e ressaltou que estão em busca de evidências de acordo com o contexto narrado.
Em resposta às acusações, a defesa de Jair e Michelle Bolsonaro divulgou uma nota ao UOL, afirmando que as acusações são absurdas e não possuem qualquer respaldo na verdade ou em elementos de prova. O advogado Paulo Cunha Bueno ressaltou que as declarações do tenente-coronel Mauro Cid, feitas como parte de sua colaboração premiada, não implicavam o ex-presidente nos fatos em apuração, conforme mencionado pelo subprocurador da República Carlos Frederico.
Bueno também enfatizou que Bolsonaro e seus familiares nunca estiveram envolvidos em movimentos que visavam a ruptura institucional do país. A defesa ainda lamentou o fato de que até o momento não foi autorizado o acesso ao conteúdo das declarações de Cid, apesar dos constantes vazamentos criticados pelo subprocurador.
Eduardo Bolsonaro também se pronunciou por meio de nota, classificando a delação como fraca, inconsistente e desprovida de elementos de prova, conforme mencionado pelo subprocurador Carlos Frederico. Ele questionou por que o ministro da Justiça teria feito de tudo para evitar a divulgação das imagens de seu ministério, caso a oposição realmente estivesse planejando um golpe.