Personal preso em BH: entenda como funcionavam os golpes aplicados

O personal trainer Vinícius Araújo Antunes, de 36 anos, foi preso preventivamente nesta quarta-feira (10), em Belo Horizonte, suspeito de aplicar uma série de golpes em alunas da capital e de Nova Lima. A Polícia Civil estima que o prejuízo causado pelo investigado já ultrapassa R$ 500 mil, valor associado a pelo menos 13 mulheres, embora o número real de vítimas possa ser bem maior.

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Como o golpe funcionava

De acordo com as investigações, Vinícius encontrava as vítimas pelas redes sociais, onde oferecia planos anuais de aulas personalizadas com descontos considerados atrativos. Para conquistar a confiança das alunas, dizia ter “amigos em comum” e apresentava uma postura profissional.

Após o pagamento dos pacotes, o personal faltava aos treinos com frequência, desmarcando sessões em cima da hora. Em outros casos, pedia que as clientes refizessem transferências alegando erro no sistema de pagamentos, prometendo estornar os valores, algo que, segundo a polícia, nunca aconteceu.

Além dos possíveis crimes de estelionato, Vinícius também é investigado por violência doméstica e por fraudes envolvendo uma ex-namorada. Segundo a Polícia Civil, ele teria usado o nome dela para contratar um empréstimo de R$ 100 mil, gasto em apostas.

O que diz a defesa

A defesa do personal afirmou ter sido surpreendida pela prisão, declarou que ainda não teve acesso ao inquérito e, por isso, não pode se manifestar de forma conclusiva sobre o caso.

Prisão preventiva e busca na residência

A decisão que determinou a prisão preventiva foi assinada pelo juiz Leonardo Antônio Bolina Filgueiras, da 1ª Vara das Garantias da Comarca de BH. No mesmo momento, equipes da 1ª Delegacia de Investigação de Fraudes cumpriram mandado de busca e apreensão na casa do investigado.

Foram recolhidos celulares, máquinas de cartão e um tablet, que passarão por análise. A polícia informou que novos detalhes serão divulgados após a conclusão dos procedimentos.

No momento da prisão, Vinícius vestia o uniforme da academia Bodytech. A rede, em nota, afirmou que ele atuava apenas como personal externo, sem vínculo empregatício, e que não presta serviços no local desde março de 2025. A empresa manifestou solidariedade às vítimas e disse estar à disposição das autoridades.

Vítimas relatam prejuízos expressivos

Uma das vítimas, médica, contou que pagou R$ 12 mil por um plano anual, recebeu apenas um mês de aulas e acumulou perdas que passam dos R$ 40 mil. Outra mulher revelou que contratou oito meses de treinos, mas o personal começou a faltar já nas primeiras semanas. Nenhuma delas obteve o reembolso prometido.

Para a delegada Bianca Prado, o valor de R$ 500 mil representa “apenas a pontinha do iceberg”. Há indicações de que o número de vítimas é bem maior, já que mais mulheres relataram ter contratado planos com o mesmo personal e sofrido prejuízo.

Investigação continua

Com a prisão decretada, o material apreendido será analisado pela Polícia Civil, que segue tentando identificar novas vítimas e mapear a suposta atuação do personal ao longo dos últimos anos.

Em nota anterior, Vinícius negou todas as acusações, classificou os casos como “desacordos comerciais” e afirmou estar devolvendo valores. No entanto, segundo as vítimas e as autoridades, isso não corresponde ao que foi apurado até agora.