Está previsto para o mês que vem o início da instalação cobertura da “Casa de Pedra” Aredes, projetada pelo Instituto Yara Tupynambá.
As obras foram orçadas em torno de R$ 215 mil e custeadas com recursos de Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), firmado pelo Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) nos autos de três inquéritos civis.
Nesta quarta-feira (22), a equipe do Semente, representada pela supervisora Renata Fonseca Guimarães e pela analista técnica ambiental, Paula Grandi, realizou visita a fim de verificar o andamento do projeto. No local, houve a conferência do plano de monitoramento e do cronograma para verificação de cada fase.
“Esta é uma das atribuições do Semente: acompanhamos cada etapa dos trabalhos realizados pelos proponentes, verificamos a aplicação correta dos recursos e levamos transparência à sociedade, informando sobre tudo o que tem sido realizado”, explica Renata Fonseca.
A “Casa de Pedra” Aredes, também conhecida como Antiga Senzala ou Comércio de Aredes, integra o Conjunto 1 do Sítio Arqueológico de Aredes, e é tombada pelo município de Itabirito.
De acordo com o arquiteto e urbanista Rafael Sânzio Nunes Fonseca, autor do projeto arquitetônico da nova cobertura, a intervenção foi aprovada por órgãos responsáveis pela proteção histórico-cultural. “O projeto foi apresentado ao Conselho Municipal do Patrimônio Artístico e Natural (Compatri), à Secretaria de Patrimônio Cultural e Turismo de Itabirito e ao Conselho Consultivo da Estação Ecológica Estadual de Arêdes (EEA), que aprovaram todas as fases. Importante ressaltar que também submetemos uma proposta de Projeto de Monitoramento Arqueológico ao Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan-MG). O documento foi aprovado e terá vigência durante todo o período de execução das obras”, afirmou.
A recuperação do telhado da “Casa de Pedras” foi proposta para ser realizada em três fases. Na primeira, o projeto arquitetônico da ruína foi revisado e, atualmente, ocorre a elaboração dos complementares para a instalação dos pilares que vão sustentar o telhado. “O mais importante neste momento é o (projeto) de fundação, que tratará da estrutura da cobertura”, explicou o presidente do Instituto Tupynambá, José Theobaldo Júnior.
Atualmente, é realizada a segunda fase – execução. De acordo com o arquiteto Rafael Fonseca, autor do projeto arquitetônico da cobertura, na primeira etapa foi feita a limpeza e a remoção de entulho dentro e no entorno da ruína. “Além disso, demolimos uma pequena instalação sanitária que estava na fachada, removemos a maior parte da cobertura antiga, já colapsada e algumas peças em madeira nas quais se apoiava”, detalhou.
A proposta de cobertura, considerando todos os preceitos das intervenções em bens protegidos, traz nova abordagem. “Distingue-se do existente, não gerando engano entre o ‘novo’ e o ‘antigo’, e é reversível, na medida em que não interfere materialmente com as antigas alvenarias históricas”, explicou o arquiteto e urbanista Rafael Fonseca.
Ele ainda disse que a ruína apresentava avançado grau de degradação da antiga cobertura, o que colapsou parcialmente, expondo as alvenarias históricas às intempéries.
Ainda de acordo com o arquiteto e urbanista, a fase atual é de implantação das fundações em concreto armado, onde serão executadas internamente as ruínas, sem tocar as alvenarias históricas. “‘Solta’, portanto, a nova estrutura de cobertura das ruínas, garante assim, o seu protagonismo em primeiro plano”, conclui Rafael Fonseca.
O presidente do Instituto Yara Tupynambá, José Theobaldo Júnior, explica que os projetos complementares tratam da elétrica, da hidráulica e da sanitária da Casa de Pedras, além da estrutura já mencionada. Ainda conforme o presidente, a fase de instalação do telhado está prevista para começar no final de julho, início do mês de agosto. “A arqueóloga responsável, Alenice Baeta, está acompanhando o processo de escavação para a fixação dos pilares que irão sustentar a nova cobertura”, afirma.
Uma vez implementadas as fundações, todas as estruturas da cobertura serão metálicas, com pórticos em perfis metálicos, bem como todas as demais estruturas de apoio e as próprias telhas, que serão igualmente metálicas, trapezoidais termo acústicas, pintadas em cor cerâmica para maior harmonia com o conjunto.
A terceira fase consiste na prestação de contas e divulgação do resultado e está prevista para janeiro de 2023.
Localizado a 60 quilômetros da Capital mineira, o sítio arqueológico de Aredes, em Itabirito, é parte importante da história de Minas Gerais. Composto por três conjuntos de ruínas de uma antiga propriedade, o sítio foi uma grande fazenda de criação de gado e produção de alimentos para Vila Rica. Além disso, havia lavras de ouro.
O conjunto de ruínas – residência da fazenda, capela ou oratório dedicado a São Sebastião, comércio, senzala e outras edificações – integra Estação Ecológica de Aredes, por decreto estadual, há 12 anos. Além da importância histórica, Aredes é local de recarga de água, abastece a comunidade de São Gonçalo do Bação, em Itabirito, e está na faixa de transição entre mata atlântica e cerrado. Além disso, está entre o Monumento Natural da Serra da Moeda e a Área de Preservação Ambiental Sul (APA Sul) e, conforme ambientalistas, é abundante em flora e fauna, preservando um tipo de cáctus sobre a canga de minério, só encontrado lá e em Carajás, no Pará.
Hoje, as ruínas unem as marcas do século XVIII à preservação ambiental e se transformam em uma joia do Quadrilátero Ferrífero. O sítio arqueológico de Aredes, em Itabirito, é uma página da história de Minas.