Ciência

Ártico pode ficar sem gelo em até três anos, dizem cientistas

O gelo marinho do Ártico, componente crucial para o equilíbrio ambiental do planeta, enfrenta um derretimento acelerado que pode levar a um Ártico completamente livre de gelo dentro dos próximos anos. Estudos científicos recentes sugerem que o primeiro verão sem gelo pode ocorrer até 2027, marcando uma mudança radical na cobertura de gelo que tem variado significativamente desde 1979.

Com mínimos históricos registrados de 2,65 milhões de quilômetros quadrados, estamos bem abaixo da média de 4,26 milhões de quilômetros quadrados observado entre 1979 e 1992.

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Esta redução dramática na extensão do gelo marinho está associada a uma série de simulações que utilizam dados climáticos complexos. Em média, tais modelos indicam que um Ártico sem gelo pode acontecer entre 2032 e 2043. No entanto, um conjunto de nove simulações específicas aponta para um cenário em que o gelo poderia desaparecer em apenas três anos. Este cenário mais pessimista traz consigo graves implicações para os padrões climáticos globais e ecossistemas.

Usando 300 simulações de computador, os cientistas previram que o primeiro dia sem gelo no Ártico pode ocorrer entre nove e 20 anos. Porém, nove de 300 simulações apontam que isso pode acontecer até 2027;

O Que Significa um Dia Sem Gelo no Ártico?

Um dia sem gelo no Ártico não é simplesmente uma estatística impressionante. Quando o gelo dessa região, que atualmente reflete parte da energia solar de volta ao espaço, se derrete, a capacidade do oceano de absorver calor aumenta significativamente. Isso cria um ciclo potencialmente vicioso de aquecimento que impede a formação de novo gelo nos meses subsequentes, o que poderia levar a problemas climáticos prolongados.

A drástica diminuição do gelo marinho, diferentemente das geleiras em terra, não causará um aumento imediato no nível do mar, já que o gelo flutuante está em equilíbrio com a água oceânica. Contudo, o aumento da temperatura do mar, impulsionado por essa perda de gelo, pode acelerar o derretimento de geleiras terrestres, resultando em aumentos do nível do mar ao longo do tempo.

Como Isso Afeta o Clima Global?

O desaparecimento do gelo marinho do Ártico exerce uma influência significativa no clima global. A ausência dessa camada de gelo branca e refletiva significa que mais calor é absorvido pelo oceano, desencadeando um aumento adicional nas temperaturas globais. Este processo pode dar origem a eventos climáticos extremos, incluindo ondas de calor na Europa e incêndios florestais em regiões como a Escandinávia.

Além disso, a perda de gelo pode alterar a circulação atmosférica, resultando em padrões climáticos atípicos que podem trazer frio extremo a partes da Europa, como já observado em projeções de quedas de temperatura até mesmo em países mais ao sul, como a Itália.

O Que Podemos Fazer para Mitigar Esse Impacto?

Embora a perspectiva de um Ártico sem gelo pareça inevitável nas próximas décadas, ações podem ser tomadas para atrasar esse processo. Reduções significativas nas emissões de gases de efeito estufa são cruciais não apenas para preservar o gelo marinho, mas também para mitigar outros impactos relacionados ao clima. A promoção de práticas sustentáveis e a adoção de energias renováveis são passos essenciais para diminuir o ritmo deste fenômeno.

Especialistas acreditam que, além de um símbolo ambiental forte, a preservação do gelo marinho é vital para evitar que mudanças climáticas se tornem ainda mais extremas, afetando comunidades ao redor do mundo. O compromisso global com soluções climáticas robustas é, portanto, uma necessidade urgente para garantir um futuro menos ameaçador para o planeta.