
Em registro de 11 de novembro, o cometa interestelar já aparece com cauda mais longa e definida | The Virtual Telescope Project/Gianluca Masi
Uma imagem feita no dia 10 de novembro registrou o cometa 3I/ATLAS, que é o terceiro desse tipo já identificado, com uma cauda significativamente maior e mais definida do que em observações anteriores. Isso indica que sua atividade está aumentando conforme avança pelo Sistema Solar.
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A fotografia, vinda de um observatório na Itália, revela um núcleo brilhante seguido por uma trilha de gás e poeira mais longa.
Segundo especialistas, esse comportamento é esperado à medida que o cometa recebe mais energia do Sol. O calor rompe bolsões de gelo presos ao núcleo e libera jatos capazes de arrastar partículas para o espaço, alimentando a formação da cauda.
Além do aspecto visual, outro fenômeno colocou o 3I/ATLAS no centro das discussões científicas nos últimos dias: o radiotelescópio MeerKAT, na África do Sul, detectou emissões de rádio vindas do objeto. O dado, ao cair nas redes sociais, deu origem a teorias de que o cometa poderia ter origem artificial, mas os pesquisadores não veem fundamento nas especulações.
O astrônomo Cássio Barbosa explicou ao g1 que o sinal observado é bem compreendido pela ciência, uma vez que as emissões têm origem em radicais hidroxila produzidos quando a luz ultravioleta solar quebra moléculas de água do cometa.
Ele também destacou que a expressão “sinal de rádio” costuma ser interpretada de forma equivocada. De acordo com Barbosa, se alguém quisesse se comunicar, o ruído do gelo se rompendo acabaria encobrindo a mensagem.
Ainda assim, as especulações se intensificaram após o pesquisador Avi Loeb, da Universidade Harvard, sugerir que o 3I/ATLAS poderia ter origem artificial. É hipótese semelhante à que ele levantou em 2017 sobre ʻOumuamua, o primeiro objeto interestelar detectado. Para Cássio Barbosa, não há evidências que sustentem a ideia, e o tema cresce nas redes sociais a fim de gerar engajamento.
Descoberto em julho de 2025 por um telescópio do projeto ATLAS, no Chile, o 3I/ATLAS não se formou no Sistema Solar. Ele é o terceiro cometa interestelar já observado, seguindo os passos de ʻOumuamua (2017) e Borisov (2019).
Pela velocidade e trajetória, os astrônomos estimam que ele seja extremamente antigo, até 3 bilhões de anos mais velho que o Sol.