Ciência

Cometa 3I/ATLAS: cauda do corpo celeste continua crescendo

Uma imagem feita no dia 10 de novembro registrou o cometa 3I/ATLAS, que é o terceiro desse tipo já identificado, com uma cauda significativamente maior e mais definida do que em observações anteriores. Isso indica que sua atividade está aumentando conforme avança pelo Sistema Solar.

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A fotografia, vinda de um observatório na Itália, revela um núcleo brilhante seguido por uma trilha de gás e poeira mais longa.

Segundo especialistas, esse comportamento é esperado à medida que o cometa recebe mais energia do Sol. O calor rompe bolsões de gelo presos ao núcleo e libera jatos capazes de arrastar partículas para o espaço, alimentando a formação da cauda.

Cometa 3I/ATLAS cruza um campo denso de estrelas em registro feito no telescópio Gemini Sul, no Chile. Ele permanece fixo enquanto as estrelas se tornam rastros coloridos em decorrência das exposições em diferentes filtros | Foto: Gemini Observatory/NSF NOIRLab


Além do aspecto visual, outro fenômeno colocou o 3I/ATLAS no centro das discussões científicas nos últimos dias: o radiotelescópio MeerKAT, na África do Sul, detectou emissões de rádio vindas do objeto. O dado, ao cair nas redes sociais, deu origem a teorias de que o cometa poderia ter origem artificial, mas os pesquisadores não veem fundamento nas especulações.

O astrônomo Cássio Barbosa explicou ao g1 que o sinal observado é bem compreendido pela ciência, uma vez que as emissões têm origem em radicais hidroxila produzidos quando a luz ultravioleta solar quebra moléculas de água do cometa.

Ele também destacou que a expressão “sinal de rádio” costuma ser interpretada de forma equivocada. De acordo com Barbosa, se alguém quisesse se comunicar, o ruído do gelo se rompendo acabaria encobrindo a mensagem.

Ainda assim, as especulações se intensificaram após o pesquisador Avi Loeb, da Universidade Harvard, sugerir que o 3I/ATLAS poderia ter origem artificial. É hipótese semelhante à que ele levantou em 2017 sobre ʻOumuamua, o primeiro objeto interestelar detectado. Para Cássio Barbosa, não há evidências que sustentem a ideia, e o tema cresce nas redes sociais a fim de gerar engajamento.

Forasteiro cósmico

Descoberto em julho de 2025 por um telescópio do projeto ATLAS, no Chile, o 3I/ATLAS não se formou no Sistema Solar. Ele é o terceiro cometa interestelar já observado, seguindo os passos de ʻOumuamua (2017) e Borisov (2019).

Pela velocidade e trajetória, os astrônomos estimam que ele seja extremamente antigo, até 3 bilhões de anos mais velho que o Sol.

Mariana Cardoso Carvalho