Ciência

Cometa interestelar 3i Atlas se aproxima da Terra e pode revelar mistérios inéditos no dia 19 de dezembro

O 3i Atlas, cometa interestelar que intriga astrônomos em todo o mundo, chega ao ponto mais próximo da Terra em 19 de dezembro. A aproximação, estimada em 269 milhões de quilômetros, promete trazer os dados mais completos já registrados sobre o objeto, que ganhou fama por apresentar características fora do padrão dos cometas tradicionais.

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A expectativa é alta porque o 3i Atlas não nasceu no Sistema Solar: ele vem de algum ponto distante da Via Láctea e está apenas “de passagem”. Essa trajetória rara tornou o objeto um dos assuntos mais comentados entre pesquisadores e curiosos.

O que torna o 3i Atlas tão incomum

Cientistas identificaram uma série de peculiaridades no cometa desde sua descoberta por um telescópio no Chile. Entre elas, estão:

  • Massa estimada em 33 bilhões de toneladas, superior à de outros objetos interestelares já observados;
  • Alinhamento incomum da trajetória, que chamou a atenção de especialistas;
  • Composição química atípica, com presença de níquel em quantidade maior que ferro.

Esses pontos alimentam um debate que divide dois nomes conhecidos no universo científico.

Debate entre cientistas reacende teorias

De um lado está o astrofísico de Harvard Avi Loeb, que defende que as anomalias do 3i Atlas merecem investigação cuidadosa. Em entrevista ao Fantástico, Loeb afirmou que “a chance de a trajetória se alinhar tão precisamente é de uma em 500” e não descarta que o objeto possa ter origem tecnológica. Hoje, ele estima essa hipótese em quatro numa escala de zero a dez.

Do outro lado, o historiador da ciência e cético profissional Michael Shermer, editor da revista Skeptic, reforça que o 3i Atlas é apenas um objeto interestelar natural. Também ao Fantástico, Shermer disse que fenômenos assim devem se tornar mais comuns com telescópios mais potentes. “Chamamos isso de caçar anomalias: procurar exceções só para desafiar a visão predominante”, afirmou.

Apesar das visões opostas, Loeb e Shermer são amigos há décadas, e chegaram até a apostar mil dólares sobre o futuro: Loeb acredita que encontraremos vida inteligente nos próximos cinco anos; Shermer, não.

Repetindo a história do Oumuamua

A polêmica atual lembra o caso do Oumuamua, objeto interestelar detectado em 2017. Naquele período, Loeb também sugeriu que poderia se tratar de tecnologia alienígena, porém faltaram dados para comprovar qualquer hipótese.

Agora, o cenário é diferente. Novos telescópios, incluindo o próprio Atlas e o poderoso Vera Rubin, ambos no Chile, devem garantir informações mais robustas. A expectativa é que, ao longo da próxima década, entre 5 e 100 novos objetos interestelares sejam identificados.

O que esperar

Com a aproximação do 3i Atlas, cientistas aguardam respostas que podem redefinir a compreensão sobre objetos vindos de fora do Sistema Solar. Até lá, todas as atenções se voltam para 19 de dezembro, data que promete ser um marco na astronomia moderna.

Maria Clara Landim

Jornalista formada pela PUC Minas, com experiência em fotojornalismo, assessoria de imprensa e jornalismo digital. Já atuou nas redes sociais e na redação da Rádio Itatiaia e como pesquisadora na Comunidade Quilombola de Pinhões. Atualmente, é repórter e redatora nos portais Sou BH e Aqui.