Espada anglo-saxônica de 1.500 anos, encontrada em meio a um cemitério medieval nas proximidades de Canterbury (BBC/Reprodução)
Uma descoberta arqueológica surpreendente emergiu de um campo em Kent, revelada ao público através do programa da BBC, “Digging for Britain”. Trata-se de uma espada anglo-saxônica de 1.500 anos, encontrada em meio a um cemitério medieval nas proximidades de Canterbury.
Este achado notável é composto por uma rica ornamentação que inclui um punho de prata dourada com padrões intricados, refletindo o alto status de seu dono na sociedade de então.
A espada, ainda em seu estado original dentro de uma bainha revestida de pele de castor, foi interpretada como pertencente a um homem de importância significativa. A decoração no punho da espada, composta por um anel, possivelmente indica um juramento feito entre seu portador e uma figura de autoridade como um rei, um senhor ou uma divindade.
Os anglo-saxões, um conglomerado de tribos germânicas e britânicos nativos que adotaram práticas culturais similares, habitaram a Grã-Bretanha a partir do século V d.C. Estas tribos eram conhecidas por suas habilidades como guerreiros e pela constante luta por terras e poder. Dentre suas características culturais, destacam-se a influência pagã e a reverência a deuses como Odin, incorporadas muitas vezes em artefatos e armas.
Além de serem governantes tenazes, os anglo-saxões dirigiram seus reinos em território britânico durante cerca de 500 anos, até serem subjugados pelos normandos em 1066. Esse período engloba uma densa rede de relações sociais, políticas e religiosas, visivelmente expressas em sítios arqueológicos como o descoberto em Kent.
A escavação no local revelou não apenas a espada, mas também uma variedade de artefatos que sugerem um cemitério de grande relevância histórica. Entre os itens, foram encontrados pendentes de ouro conhecidos como bracteates, cujos desenhos complexos podem estar ligados a práticas religiosas ou simbólicas da época.
Os pesquisadores identificaram itens excepcionais no túmulo de uma mulher, incluindo contas de vidro e pulseiras com fechos singulares, descritas como “realmente especiais” e possivelmente de origem escandinava. Outros achados compreendem contas de pedra, fivelas e os restos de um balde de madeira, revelando conexões culturais diversas, possivelmente até com a França.
A importância deste achado reside na sua capacidade de oferecer insights sobre a vida e a sociedade anglo-saxônica, especialmente no reino de Kent, que manteve sua independência até a unificação sob um só reino no período medieval. A espada e outros itens descobertos não apenas evidenciam práticas culturais e religiosas, mas também as complexas relações sociais da época.
A escavação continua sendo uma empreitada de longo prazo, uma vez que se estima haver cerca de 200 túmulos no sítio. A análise detalhada dos artefatos promete enriquecer nossa compreensão das práticas funerárias e modos de vida dos antigos anglo-saxões.
Todos os artefatos descobertos estão programados para passar por processos de conservação meticulosos antes de serem exibidos em museus, permitindo que o público e estudiosos explorem mais sobre este fascinante capítulo da história britânica. Este trabalho irá não apenas preservar os materiais para gerações futuras, mas também impulsionar novas pesquisas históricas e arqueológicas sobre o período anglo-saxão.
