Ciência

Microbiologista alerta para risco de nova pandemia

Nos últimos anos, especialistas em saúde têm monitorado de perto a evolução de diversos vírus, dentre os quais o H5N1, conhecido popularmente como gripe aviária, tem gerado uma preocupação notável.

Apesar de sua circulação em aves migratórias e mamíferos, o vírus até então não apresentou evidências claras de transmissão entre humanos. No entanto, sua presença em diversos reservatórios animais levanta alertas sobre seu potencial pandêmico.

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Este contexto surge em um período pós-pandêmico, onde o mundo ainda se recupera dos impactos da Covid-19. A microbiologista Natália Pasternak destacou a necessidade de uma vigilância contínua e reforçada, dada a alta circulação do H5N1 em animais próximos aos humanos, incluindo gatos, gado e aves de criação. Este cuidado pode ser crucial para evitar que a história se repita com novas formas de contágio.

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Quais são os riscos associados ao vírus H5N1?

O H5N1 é um vírus que pertence à família dos Influenza, conhecido por causar doenças respiratórias graves em aves, mas que também pode infectar mamíferos. A especialista Pasternak alertou sobre a detecção de cepas do vírus em gado na Califórnia, o que causou a adoção de medidas restritivas naquele estado, como a retirada de lotes de leite não pasteurizado das prateleiras.

No passado, o H5N1 já foi identificado em trabalhadores rurais que tiveram contato direto com animais infectados, levando a infecções leves em humanos. Esse tipo de contato é frequentemente associado a surtos pontuais, que, se não controlados, podem levar a mutações do vírus. Essas mutações preocupam os cientistas, pois podem aumentar a capacidade de transmissão entre humanos, como ocorreu com a Covid-19.

Como prevenir novas pandemias causadas por vírus como o H5N1?

Especialistas ressaltam que a prevenção de futuras pandemias passa pela combinação de políticas eficazes de vigilância e resposta rápida. Nos Estados Unidos, têm sido feitos esforços para garantir o financiamento necessário para preparar sistemas de saúde. O governo, em suas iniciativas, direcionou recursos significativos para desenvolver vacinas contra a gripe aviária e melhorar a vigilância das cepas virais.

No Brasil, o Instituto Butantan já está desenvolvendo uma vacina contra o H5N1, que logo deverá entrar em fase de testes clínicos. A pesquisa e o desenvolvimento são partes essenciais para garantir que, no caso de uma maior disseminação do vírus, medidas de controle estejam rapidamente disponíveis.

Estamos prontos para lidar com uma nova pandemia?

A experiência com a Covid-19 ensinou lições valiosas em termos de preparação e resposta a pandemias. O desejo de superar a pandemia pode, no entanto, enfraquecer as preocupações quanto à gripe aviária. A avaliação de que as medidas preventivas devem ser uma prioridade é um consenso entre os profissionais de saúde pública, que enfatizam a importância de não baixar a guarda.

Embora a Organização Mundial da Saúde (OMS) ainda considere os surtos epidêmicos de baixa probabilidade, a necessidade de ampla vigilância dos vírus influenza em animais é incontestável. Melhorias na capacidade de monitoramento podem facilitar a contenção precoce de um possível surto.

O papel das mudanças climáticas na disseminação de doenças

Globalização e mudanças climáticas alteraram significativamente o modo como doenças infecciosas surgem e se espalham. As alterações nos padrões climáticos podem estar associados ao aumento da interação entre espécies que geralmente não teriam contato, aumentando o risco de transmissão de doenças como o H5N1 entre diferentes espécies.

Assim, enfrentar a possibilidade de uma nova pandemia requer uma abordagem holística que considere não apenas o controle e a pesquisa científica, mas também mudanças sustentáveis nas práticas globais de manejo ambiental e agropecuário.