
Nasa monitora o objeto desde sua descoberta | Divulgação / Nasa
O cometa 3I/ATLAS, identificado como um objeto de origem interestelar, tem se tornado o centro das atenções na comunidade científica devido às suas características químicas fora do comum e aos desafios que apresenta para previsão de sua trajetória. A Nasa teria acionado um protocolo de defesa planetária e emitido alertas, de acordo com o La Nación, após comportamento ‘incomum’ do objeto.
Além de se destacar pelo material que carrega, o 3I/ATLAS chamou a atenção das agências espaciais e centros de monitoramento de corpos celestes, resultando em comunicados técnicos e a coordenação de treinamentos internacionais focados na precisão de cálculo de sua rota.
O exercício planejado pela Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN) reflete as preocupações quanto ao seu comportamento imprevisível e a necessidade de aprimorar as tecnologias de rastreamento de cometas de passagem rara.
O interesse no 3I/ATLAS vai além da sua composição. A sua trajetória hiperbólica, típica de objetos extrassolares, indica que o cometa não pertence ao Sistema Solar e está apenas de passagem.
Estima-se que o periélio, o ponto mais próximo do Sol, será alcançado em outubro, marcando uma oportunidade única de estudo antes que ele retorne para o espaço interestelar, possivelmente para nunca mais voltar. Monitorar sua rota é fundamental, pois pode fornecer respostas sobre potencial impacto ou possíveis interações com corpos celestes próximos da Terra.
Outro fator relevante é sua velocidade: o 3I/ATLAS atravessa o Sistema Solar a mais de 210 mil quilômetros por hora. Essa velocidade elevada implica em uma janela curta para observações detalhadas, exigindo respostas rápidas da comunidade astronômica internacional.
A mobilização de telescópios e equipamentos avançados se torna imprescindível para coletar amostras fotométricas e espectrais capazes de desvendar os mistérios do objeto.
As análises preliminares realizadas com o apoio do Telescópio Espacial James Webb mostram que o 3I/ATLAS apresenta uma composição altamente inusitada entre cometas conhecidos. O destaque recai sobre a predominância de dióxido de carbono (CO₂) em sua coma, algo que nunca havia sido observado em outras amostras estudadas.
A quantidade de dióxido de carbono encontrada é aproximadamente oito vezes maior que a de água, ultrapassando, de longe, o padrão dos cometas já catalogados. Além disso, foram detectados altos níveis de emissão de água (OH) mesmo a grandes distâncias do Sol, acima de três unidades astronômicas.
Esses resultados indicam não só uma possível origem em ambientes extremamente frios, mas também sugerem que o objeto pode ter preservado vestígios químicos de épocas muito antigas do universo. Estudiosos especulam sobre a relação dessa composição com a formação dos sistemas planetários e o impacto desses materiais em outros corpos celestes.
Estimativas recentes, baseadas em modelos computacionais e observações de ponta, sugerem que o núcleo sólido do cometa 3I/ATLAS varia de 320 metros a 5,6 quilômetros de diâmetro. A imprecisão se explica pelas limitações de observação, já que estruturas interestelares podem ser parcialmente obscurecidas por gases e poeira.
De acordo com os estudos realizados até agora, o 3I/ATLAS pode ser mais antigo que o próprio Sistema Solar, com idade superior a sete bilhões de anos. O achado reforça a hipótese de que vestígios desses corpos podem carregar registros das primeiras fases do universo.
A ativação do protocolo de defesa planetária, liderada pela NASA em 2025, mostra que as preocupações sobre o monitoramento de objetos interestelares vêm aumentando. Embora o risco de colisão do cometa seja considerado baixo, a adoção de um exercício prático envolvendo diferentes centros de alerta global evidencia a necessidade constante de aprimoramento nas estratégias de resposta rápida e cooperação internacional.