Ciência

Entenda o que é o cometa 3I/ATLAS que gerou alerta internacional da Nasa

O cometa 3I/ATLAS, recém-identificado, tem despertado atenção global entre astrônomos e cientistas. Descoberto em julho deste ano por um telescópio no norte do Chile, o corpo celeste se destaca não apenas pela trajetória incomum, mas também pela composição química peculiar, contendo sinais de gases e partículas que oferecem pistas sobre sistemas estelares distantes.

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Terceiro objeto interestelar registrado no sistema solar, o 3I/ATLAS segue uma órbita hiperbólica, ou seja, não está preso à gravidade do Sol e não retorna. Antes dele, os visitantes “Oumuamua” (2017) e “2I/Borisov” (2019) já haviam aberto caminho para observações desse tipo de objeto.

Segundo a Rede Internacional de Alerta de Asteroides (IAWN), o cometa se formou em outro sistema estelar e vagou pelo espaço por milhões de anos antes de entrar no sistema solar. No momento da descoberta, ele estava próximo à constelação de Sagitário, a cerca de 670 milhões de quilômetros do Sol, dentro da órbita de Júpiter, e movia-se a 221 mil quilômetros por hora (61 km/s), velocidade que o impede de ser capturado pela gravidade solar.

Observação única para cientistas

O 3I/ATLAS representa um desafio e uma oportunidade únicos para a astronomia. Por isso, a IAWN anunciou um exercício especial de observação, entre 27 de novembro de 2025 e 27 de janeiro de 2026, com o objetivo de aprimorar a precisão das medições orbitais e testar protocolos de observação internacional.

“Embora não represente risco algum, o 3I/ATLAS oferece uma oportunidade rara para a comunidade científica realizar medições detalhadas graças à sua observabilidade prolongada da Terra”, destacou a rede em nota oficial.

Além de medir sua trajetória, os astrônomos também esperam analisar a composição química do cometa, que pode revelar a presença de gases, poeira e compostos orgânicos desconhecidos, fornecendo pistas sobre a formação de outros sistemas planetários.

Por que cometas interestelares são importantes

Cada cometa interestelar funciona como uma janela para estudar o universo além do nosso sistema solar. Diferente dos cometas comuns, que se formam no cinturão de Kuiper ou na nuvem de Oort, esses visitantes trazem informações de outros sistemas estelares, ajudando a entender a química, a dinâmica e até os materiais que compõem planetas distantes.

Em termos de trajetória, a órbita hiperbólica do 3I/ATLAS indica que ele nunca será capturado pelo Sol, tornando suas observações uma oportunidade única de coleta de dados antes que siga seu caminho pelo espaço interestelar.

Com o avanço da tecnologia e a colaboração internacional em telescópios e laboratórios, cientistas de todo o mundo esperam monitorar cada detalhe do 3I/ATLAS, ampliando nosso conhecimento sobre corpos celestes que cruzam o espaço e fortalecendo protocolos de alerta para eventos futuros.

Maria Clara Landim

Jornalista formada pela PUC Minas, com experiência em fotojornalismo, assessoria de imprensa e jornalismo digital. Já atuou nas redes sociais e na redação da Rádio Itatiaia e como pesquisadora na Comunidade Quilombola de Pinhões. Atualmente, é repórter e redatora nos portais Sou BH e Aqui.

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