Ciência

Saiba onde será possível observar o Cometa 3I/ATLAS no Brasil

O cometa 3I/ATLAS voltou a ser observado por telescópios no dia 31 de outubro, após semanas “escondido” atrás do Sol. O corpo celeste, que vem de outro sistema estelar, deve atingir seu ponto de maior aproximação com a Terra em dezembro de 2025, despertando o interesse de astrônomos e entusiastas da astronomia, inclusive no Brasil.

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Apesar da empolgação, o fenômeno não poderá ser visto a olho nu. Com brilho máximo estimado em magnitude 11,5, o cometa só será perceptível com telescópios de médio porte, com abertura mínima de 20 centímetros, e sob condições ideais de visibilidade.

Segundo especialistas, o 3I/ATLAS poderá ser localizado nas madrugadas do fim de dezembro, a partir do dia 19, preferencialmente antes do nascer do Sol e na direção leste. No Brasil, as melhores chances de observação estarão em regiões próximas ao Equador, com céu limpo e horizonte livre. Aplicativos de astronomia e mapas estelares digitais podem ajudar quem quiser tentar acompanhar o fenômeno.

Durante a maior aproximação, o cometa estará a cerca de 270 milhões de quilômetros da Terra, o que torna o registro visual um desafio até mesmo para astrônomos profissionais.

Um visitante de outro sistema estelar

Descoberto em julho de 2025 pela campanha internacional ATLAS, o cometa é o terceiro corpo interestelar já identificado cruzando o Sistema Solar. O nome reflete isso: “3I” significa o terceiro objeto de origem interestelar, enquanto “ATLAS” homenageia o projeto responsável pela descoberta.

Segundo Jorge Márcio Carvano, astrônomo do Observatório Nacional, o cometa representa uma oportunidade científica única.

“Trata-se de um objeto que veio de fora do Sistema Solar, passará próximo ao Sol e seguirá viagem, sem retornar”, explica.

A composição do 3I/ATLAS, uma mistura de poeira e gelo, indica que ele se formou em torno de outra estrela e foi expulso de seu sistema planetário. Desde então, viaja pelo espaço há milhões ou até bilhões de anos. A atual passagem permitirá aos cientistas comparar sua estrutura com a de cometas nativos do nosso sistema.

Entre curiosidade e desinformação

A popularidade do 3I/ATLAS também trouxe uma onda de teorias e boatos nas redes sociais. Alguns conteúdos, segundo especialistas, distorcem dados científicos ou utilizam informações preliminares fora de contexto.

“Vivemos um momento em que a divulgação quase instantânea de resultados leva a interpretações incorretas. Alguns textos sugerem, sem fundamento, que o cometa possa ser uma nave alienígena”, afirma Carvano.

Crédito: Reprodução / NASA

O astrônomo reforça que não há qualquer indício de comportamento anômalo no corpo celeste.

“É natural que ele apresente diferenças em relação aos cometas do Sistema Solar, já que se formou em outro ambiente. O inesperado seria se fosse idêntico aos nossos”, diz.

Observação científica e trajetória

O cometa é monitorado por instrumentos da NASA, da Agência Espacial Europeia (ESA) e da agência chinesa CNSA. Observatórios como o Telescópio Espacial Hubble e o James Webb realizam análises espectroscópicas para identificar sua composição química e entender o comportamento de suas emissões gasosas.

Segundo as previsões, o 3I/ATLAS seguirá em direção a Júpiter em março de 2026, antes de ser lançado novamente ao espaço interestelar. Esse movimento encerrará um período raro e valioso de observações, que promete trazer novos insights sobre a origem dos sistemas planetários e a diversidade de corpos celestes no universo.

Crédito: Reprodução / NASA
Maria Clara Landim

Jornalista formada pela PUC Minas, com experiência em fotojornalismo, assessoria de imprensa e jornalismo digital. Já atuou nas redes sociais e na redação da Rádio Itatiaia e como pesquisadora na Comunidade Quilombola de Pinhões. Atualmente, é repórter e redatora nos portais Sou BH e Aqui.