Ciência
USP desenvolve pomada que acelera cicatrização de queimaduras
Produto desenvolvido na FZEA-USP alia propriedades antimicrobianas e anti-inflamatórias no tratamento de feridas
Uma pomada à base de própolis vermelha, desenvolvida na Faculdade de Zootecnia e Engenharia de Alimentos (FZEA), da Universidade de São Paulo (USP), apresentou resultados promissores no tratamento de queimaduras de segundo grau. O produto acelerou a cicatrização de feridas em testes laboratoriais e em animais, mostrando potencial para aplicação clínica em humanos.
A própolis utilizada na formulação tem origem em Maceió (AL) e é produzida por abelhas da espécie Apis mellifera. As abelhas extraem resina vermelha da planta nativa conhecida como rabo-de-bugio. O material é rico em compostos fenólicos, flavonoides e bioativos, responsáveis por propriedades antioxidantes, antimicrobianas e anti-inflamatórias que favorecem a regeneração celular e o fechamento das feridas.
Os pesquisadores, para a criação do produto, incorporam a própolis ao emulsificante Olivem 1000, derivado do óleo de oliva. Segundo a equipe, a substância garante estabilidade, reduz riscos de alergias e mantém a pomada segura mesmo em casos de ingestão acidental por crianças ou animais. O composto também não apresenta variações de eficácia conforme temperatura ou condições de armazenamento.
Nos experimentos, a pomada foi aplicada em queimaduras de segundo grau, que atingem epiderme e derme. Em análises in vitro, se observou que a formulação estimulou a migração e proliferação celular, contribuindo para a redução da área da lesão.
Nos testes in vivo, conduzidos com ratos Wistar, os animais tratados com a pomada apresentaram cicatrização mais rápida e homogênea, com bordas regulares, em comparação ao grupo controle, que não recebeu o produto.
Os resultados indicam ainda que o uso da pomada pode melhorar a aparência das cicatrizes, deixando a pele mais uniforme. Para os pesquisadores, essa característica pode representar impacto positivo na recuperação estética e psicológica de pessoas com queimaduras visíveis, que frequentemente enfrentam constrangimentos sociais e necessitam de acompanhamento especializado. Atualmente, os estudos buscam avaliar se a pomada também pode ser eficaz em outros tipos de cicatrização, além das queimaduras.