Contratado em 20 de março, o português Pepa chegou sob desconfiança de parte dos cruzeirenses e inúmeras brincadeiras dos atleticanos pelo apelido. Mas precisou de pouco tempo para mostrar competência, fazendo a equipe recuperar a organização e eficiência do ano passado e que não conseguiu apresentar no Campeonato Mineiro de 2023.

O time é basicamente o mesmo que não engrenou nesta temporada quando comandado por Paulo Pezzolano, que obteve muito sucesso em 2022. Não é fácil explicar o que ocorreu, mas um dos motivos foi o fato de o treinador uruguaio estar com a cabeça em outros projetos, como revelado pelo próprio Ronaldo Nazário, gestor da SAF celeste.

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A mudança não era desejada pela diretoria, mas acabou sendo boa para todos. Pezzolano realiza no Valladolid-ESP, também administrado pelo Fenômeno, o sonho de trabalhar no futebol europeu. E a Raposa ganhou um treinador muito motivado com a chance de comandar um gigante sul-americano, mesmo que o clube não esteja no melhor dos momentos em termos financeiros.

Com o português, o Cruzeiro voltou a mostrar o entrosamento do ano passado, com os jogadores cumprindo seus papéis em campo e se entendendo tanto defensiva quanto ofensivamente. Também recuperaram a consciência de que não são um time superior aos demais, que precisam se doar muito o tempo inteiro, correr bastante, para conquistar os resultados desejados.

Foi assim contra o Santos, uma equipe que também tem limitações financeiras e que depende demais das categorias de base para se manter. A torcida celeste comemorou bastante no Independência, assim como Ronaldo. Eles sabem que cada vitória é fundamental para a equipe atingir o objetivo de se manter na Série A e, assim, continuar o processo de reconstrução até voltar a brigar por grandes conquistas.

Não acredito que o Cruzeiro vá disputar o título brasileiro ou mesmo por vaga na Copa Libertadores de 2024. Nem que já seja um time pronto, apesar da evolução apresentada nos últimos jogos. Mas o início promissor do trabalho de Pepa faz todos os cruzeirenses respirarem aliviados.

Além dos pontos, as vitórias também dão confiança, que é fundamental para um time sem jogadores acima da média e que precisa estar azeitado para funcionar.

PRESSÃO ALVINEGRA

Se Pepa está caindo nas graças dos cruzeirenses, Eduardo Coudet vem desagradando cada vez mais os atleticanos, principalmente pelas mudanças constantes que faz na equipe. De certa forma, as cobranças são exageradas, pois não é culpa do treinador se os jogadores desperdiçam um caminhão de gols a cada jogo, à exceção da partida contra o Botafogo.

A imprensa não tem mais acesso aos treinamentos dos grandes clubes, como ocorria na minha época de repórter. Então, fica complicado dizer se o argentino trabalha bem ou mal. O certo é que se o time perde muitas chances é porque as cria e isso se deve à qualidade individual e também ao entrosamento, que vem das atividades no CT.

O desempenho do Galo neste início de Brasileiro está abaixo do esperado, é verdade. Mas não me parece ser por ato ou omissão de Chacho.

O problema é que no Brasil os resultados são colocados à frente do trabalho. E as diretorias não pensam duas vezes em trocar o técnico tão logo as cobranças sobre elas aumentem um pouco. Vamos esperar o desenrolar dos acontecimentos.

TERCEIRO TOQUE

O sinal de alerta está ligado no América. O início horrível de Campeonato Brasileiro não pode ser encarado com naturalidade por jogadores, comissão técnica e diretoria, como não está sendo encarada pelos torcedores. O time caiu demais de rendimento e passa a impressão de que alguns estão pensando mais em si do que no coletivo.

Paulo Galvão

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