Alvo de reclamações de clubes, população e autoridades nos últimos tempos em função de dar preferência a eventos culturais em detrimento ao futebol, o Mineirão sempre esteve aberto a apresentações musicais.Prova disso é a histórica banda norte-americana Kiss, que se apresentará pela segunda vez no estádio nesta quinta-feira (20/4),para alegria dos fãs do bom e velho rock’n’roll.

A primeira vez foi há 40 anos e causou alvoroço na capital mineira. Não porque estava ocupando o templo maior do esporte nas Alterosas. Mas pela novidade que significava quatro cabeludos em um palco adornado com uma réplica de um tanque de guerra, vestidos com roupas de couro, botas de salto alto, maquiagem na cara e usando guitarras distorcidas para falar de sexo, farras e carros potentes.

Advertisement

Foi o bastante para que fanáticos religiosos se mobilizassem para tentar impedir a apresentação. Segundo eles, o próprio nome da banda justificaria a censura, pois seria o acrônimo para Knights In Service of Satan, ou Cavaleiros A Serviço de Satanás.Também foi divulgada a fake news – se falava boato –de que os músicos sacrificavam animais durante as apresentações.

Diante da reação, autoridades permitiram o show, mas elevaram a idade mínima exigida para entrar.Isso provocou avalanche de ingressos devolvidos. Também houve adiamento por um dia devido a problemas técnicos.

Nada que impedisse os que estiveram presentes de se deliciar com as músicas pesadas, mas bem-humoradas do quarteto, um dos pioneiros do que conhecemos como heavy metal. Até quem estava acostumado a frequentar o gramado do Mineirão marcou presença, caso de Paulo Roberto Patrício de Souza, atacante do América, que passou a ser chamado de Paulinho Kiss por ter ido conferir.

PLANEJAMENTO

Felizmente ninguém parece estar preocupado com o que o
Kiss fará no palco nesta quinta-feira, além de desfilar clássicos como “Rock And Roll All Nite”,“I Love it Loud’”, “Detroit Rock City”,“Love Gun”. A maior dor de cabeça é mesmo com o fato de o futebol estar escanteado na agenda da concessionária que administra o estádio desde 2013.

E não é culpa da Minas Arena.O contrato de Parceria PúblicoPrivada (PPP) pode ser benéfico para a empresa e ruim para as agremiações mas isso pode ser acertado com uma negociação. A questão é que há hierarquia na estrutura do futebol. ACBF depende que a Conmebol divulgue as datas de suas competições para definir o calendário nacional.Com isso, a tabela detalhada das nove primeiras rodadas do Campeonato Nacional só foi divulgada menos de 15 dias antes de a bola rolar.

No caso dos shows musicais, é o contrário.Uma atração como o Kiss costuma ter agenda definida com antecedência mínima de seis meses.As datas são “bloqueadas”um ano antes.Não dá para ficar esperando os manda-chuvas da bola. Que haja solução. Afinal, o Mineirão é de todos os mineiros e de todas as atividades, inclusive religiosas, de classe, educacionais.

Paulo Galvão

Advertisement