O fim de uma era se aproxima no futebol brasileiro: a de Gabriel Barbosa, o Gabigol, no Flamengo. Desde 2019, os dois trilharam um caminho juntos que foi bom para ambos. O atacante chegou ao Ninho do Urubu em janeiro daquele ano, emprestado pela Internazionale de Milão, e terminou a temporada no braços da torcida rubro-negra, principalmente pelos dois gols marcados na final da Copa Libertadores, contra o River Plate, além de ter sido artilheiro do Campeonato Brasileiro conquistado pela equipe carioca depois de 10 anos.
Isso convenceu a diretoria do Fla a investir 18 milhões de euros (R$ 83,5 milhões, na cotação da época) na aquisição dos direitos econômicos. A conquista do Brasileiro e da Copa do Brasil em 2020 e de outra Libertadores de 2022, sempre como protagonista, alçou o jogador revelado pelo Santos a ser comparado por alguns a Zico, maior ídolo da história do clube.
Mas já há algum tempo o casamento entre Flamengo e Gabigol dá sinais de desgaste. Em 2023, quando passou a ostentar o número 10 às costas, teve a pior temporada com a camisa vermelha e preta, com 20 gols em 57 jogos, sendo 45 como titular.
Com a chegada de Tite, no fim do ano passado, perdeu ainda mais espaço. E a foto vazada em 16 de maio, na qual aparece usando a camisa do Corinthians, parece ter sido a gota d’água para selar a separação.
Para completar, vem jogando graças ao efeito suspensivo da pena de dois anos imposta por tentar fraudar um exame antidoping. Se tiver a condenação confirmada, não poderá exercer a profissão pelo período citado, o que poderá comprometer a carreira, apesar de ter apenas 27 anos.
Uma pena que a passagem de Gabigol pelo Flamengo termine de forma tão melancólica. Mas não é o primeiro e não será o último jogador que ofusca uma passagem brilhante por atitudes impertinentes ou pela falta de motivação.
Os gols, assistências e, principalmente, as conquistas pelo rubro-negro carioca não serão apagados. Mas se havia a intenção de se igualar a Zico no imaginário flamenguista, isso me parece ter ido por água abaixo.
E concordo com os que defendem que alguns números deveriam ser “aposentados” pelos clubes. No caso do Flamengo e do Santos, a 10 não deveria mais ser utilizada, assim como a 7 do Botafogo. É uma questão de respeito.
Não entendi a contratação do técnico Mano Menezes pelo Fluminense. O clube demitiu o técnico Fernando Diniz, que estava no cargo desde abril de 2022, e cujas equipes tem características peculiares, como a troca de passes, a saída “apoiada” e que gosta de ser protagonista onde quer que jogue.
Não quero nem discutir se é a melhor estratégia. O meu ponto é que o escolhido para substituí-lo tem conceitos antagônicos: dá prioridade à defesa, monta times normalmente reativos e que usam muito a transição direta entre os setores.
Pode dar certo? Claro que pode, até porque Mano já mostrou conhecimento de futebol, ainda que eu não goste da forma que os times dele costumam jogar. O que acho difícil é que ele consiga implantar a filosofia com tantos atletas acima dos 30 anos e que costumam cadenciar os jogos, como Paulo Henrique Ganso e Marcelo.