Estamos apenas no início do Campeonato Brasileiro, mas a segunda rodada teve quatro times dirigidos por treinadores diferentes daqueles que começaram a competição. Por motivos nem sempre muito claros até para quem cobre futebol há quase três décadas, como é o meu caso, Corinthians, Coritiba, Flamengo e São Paulo trocaram o comando técnico nos últimos dias.
É ainda mais intrigante que dirigentes são-paulinos tenham tomado a decisão de demitir Rogério Ceni depois de resultado positivo. Tudo bem que o Puerto Cabello-VEN, batido por 2 a 0 há uma semana, pela Copa Sul-Americana, não é um dos grandes do limitado futebol venezuelano, mas não é comum demitir técnico depois de vitória.
Nesse sentido, os cartolas corintianos foram mais conservadores e optaram por uma correção de rota depois da derrota por 1 a 0 para o Argentino Juniors, no Itaquerão, pela Copa Libertadores. Fernando Lázaro mostrou ainda não estar pronto para comandar uma equipe tão tradicional como o Timão, em que há pressão mesmo em momentos de conquistas. Ele voltou a ser auxiliar na comissão técnica fixa do clube, que agora é comandada pelo para lá de experimentado Cuca.
O mesmo fizeram as diretorias de Coritiba e Flamengo. Os paranaenses demitiram o português António Oliveira logo depois de perder na estreia no Brasileiro justamente para os cariocas, que na primeira rodada foram comandados interinamente por Mário Jorge, da equipe Sub-20. Em seguida, assumiu o argentino Jorge Sampaoli, que ocupa o lugar que desde o ano passado era do português Vítor Pereira, o VP.
Se a chegada de Sampaoli pode ser entendida como normal depois dos fracassos acumulados em quatro competições nesta temporada pelo Fla, a contratação de VP, em dezembro, desafia a lógica. Afinal, ele não havia tido grande destaque no Corinthians em 2022 e ainda entrou na vaga de Dorival Júnior, que levou a equipe carioca aos títulos da Libertadores e da Copa do Brasil, mas mesmo assim foi dispensado.
A impressão é que falta convicção aos dirigentes. Eles contratam treinadores de variados perfis, nem sempre adequados ao grupo de jogadores. Se der certo, beleza. Se não der, mandam embora e contratam outro. O problema é que isso custa muito dinheiro. Como não sai do bolso dos cartolas, quem sofre são os clubes, quase todos com sérios problemas financeiros.
SAF PODE AMENIZAR PROBLEMA
Se nas associações os dirigentes costumam oferecer contratos generosos a jogadores, treinadores e demais integrantes das comissões técnicas, inclusive com multas altas, nas Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs) a austeridade costuma ser bem maior. Os donos são empresários e, como todos sabem, eles não gostam de rasgar dinheiro.
É cedo para falar se essas empresas vão mudar o cenário do futebol brasileiro no que se refere à troca constante de treinadores. O certo é que elas não vão querer pagar duas ou três multas rescisórias por ano só com técnicos ou pagar dois ou três profissionais que ocupam o mesmo cargo porque não deram a resposta esperada.
Pelo mesmo motivo, não esperem contratações que extrapolem a capacidade financeira desses clubes. O Cruzeiro de Ronaldo tem sido um exemplo claro disso. Nada de jogadores renomados e até na hora de trocar de treinador, tudo está sendo feito sem comprometer o orçamento.