De tempos em tempos, alguns torcedores testam os limites do bom senso no futebol. Agridem – ou tentam agredir – jogadores, membros de comissões técnicas, dirigentes, jornalistas. Ameaçam. Às vezes até depredam o patrimônio do próprio clube que dizem amar. Perdem a razão, cometem crimes, tudo na certeza da impunidade, tão comum no nosso país.

Nas últimas semanas, vivenciamos mais uma vez esse cenário em três dos principais estados do Brasil: Minas, São Paulo e Rio. As autoridades tomam atitudes tímidas, que parecem não desencorajar os baderneiros. Ex-jogadores, que hoje atuam como comentaristas, pedem maior rigor, sendo que alguns dizem se arrepender de não terem defendido greve contra tanta violência quando estavam nos gramados. Porém, sabem que os atuais atletas, como eles no passado, têm pouco poder de mobilização.

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Algumas atitudes são dignas de elogios. Casos das decisões do Superior Tribunal de Justiça Desportiva (STJD) em fazer Santos e Vasco jogarem sem torcida por, no mínimo, 30 dias. Isso porque um pequeno grupo de torcedores dos dois tradicionais clubes achou uma boa ideia promover arruaça porque as equipes não vêm obtendo bons resultados na temporada.

É um começo, ainda que tímido. Pode parecer radical, mas a única saída que vejo para minimizar a selvageria é tirar pontos e até rebaixar as agremiações cuja audiência não souber se comportar.

Nada justifica a violência. Protesto é legítimo, desde que com civilidade. Estádio não é lugar onde vale tudo, como muitos pensam. Há regras e elas devem ser respeitadas. E a principal delas é o respeito por outro ser humano, inclusive sendo torcedor de outro time.

Não é certo cercar ônibus que transporta delegação, como ocorreu com a do Corinthians na véspera do jogo com o Santos, na Vila Belmiro. Ou intimidar treinador ou jogador na porta de CT, como fizeram com Eduardo Coudet na Cidade do Galo.

Como sempre ressalta a jornalista Regina Werneck, com muita propriedade, esporte é para as pessoas se divertirem, um passatempo, uma ótima opção de lazer para toda a família. Foi criado para aliviar o estresse, não aumentá-lo.

Inclusive pode servir de exemplo para a sociedade em geral, que anda dando sinais de adoecimento. A intolerância está vencendo. Não podemos seguir assim, pois traz só coisas ruins.

NÃO É CAVALO PARAGUAIO

Já estamos chegando ao primeiro terço do Campeonato Brasileiro e a grande surpresa é o Botafogo, que lidera a competição. O clube carioca domina as discussões quando o assunto é futebol e há cada vez menos gente apostando na derrocada botafoguenses, que há anos não faz campanhas de destaque, muito menos ganha títulos expressivos.

O clube da estrela solitária vem dando provas de que é consistente, mesmo sem jogadores renomados como outros concorrentes ao troféu. O fator surpresa, inclusive, pode ajudar a explicar a boa campanha, mas é mais que isso.

Não dá para cravar que os comandados por Luís Castro serão campeões brasileiros, ainda há muitos pontos em jogo. Mas já se pode dizer que não é o cavalo paraguaio que muitos acreditavam logo no começo da campanha.

O que pode atrapalhar o planejamento da SAF comandada por John Textor é a saída do técnico português. Ele tem proposta milionária do Al-Nassr, da Arábia Saudita, onde comandará ninguém menos que Cristiano Ronaldo. Seria uma pena para o nosso futebol se aceitar, pois tem dado provas de que é possível montar time competitivo sem gastar uma fortuna por mês.

Paulo Galvão

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