Um recente incidente na Coreia do Norte revelou a severidade das punições aplicadas aos adolescentes que são pegos assistindo a séries de TV sul-coreanas, conhecidas como K-dramas. As autoridades norte-coreanas consideram o entretenimento proveniente da Coreia do Sul como proibido e uma ameaça à ideologia do país.
Imagens chocantes, obtidas pela BBC Korean, mostram adolescentes algemados em um pátio ao ar livre, diante de centenas de estudantes. Oficiais fardados estão presentes para advertir os jovens, destacando a importância de refletirem profundamente sobre seus erros. Essas imagens são raras, já que a Coreia do Norte restringe fortemente a circulação de mídia para o exterior.
O vídeo parece ter sido distribuído na região norte-coreana com o intuito de educar ideologicamente os cidadãos e servir como um alerta para que não assistam a esse tipo de conteúdo considerado “decadente”. O narrador destaca que a cultura sul-coreana se infiltrou até mesmo entre os adolescentes, afirmando que eles arruinaram seu próprio futuro ao se envolverem com essas produções.
Choi Kyong-hui, CEO da Sand (Instituto de Desenvolvimento Sul e Norte), empresa responsável por enviar o vídeo à BBC, explica que Pyongyang enxerga os K-dramas e o K-pop como uma ameaça. A admiração pela sociedade sul-coreana poderia enfraquecer rapidamente o sistema vigente na Coreia do Norte, que é baseado na ideologia monolítica e no culto à família Kim.
O contato entre norte-coreanos e o entretenimento sul-coreano começou nos anos 2000, durante a política de “sol do Sul”, quando a Coreia do Sul oferecia ajuda econômica e humanitária ao Norte. No entanto, essa assistência foi encerrada dez anos depois, uma vez que as autoridades sul-coreanas argumentaram que ela não estava beneficiando os norte-coreanos necessitados e não gerou uma mudança positiva no comportamento de Pyongyang.