Pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) tiveram a incrível oportunidade de registrar uma aparição rara do animal mais antigo do mundo: um tubarão-da-Groenlândia, com estimados 518 anos de idade. Essa descoberta notável ocorreu nas águas próximas a Belize, no Caribe.
O tubarão-da-Groenlândia, conhecido cientificamente como Somniosus microcephalus, é uma espécie que habita as águas frias e profundas do Ártico e subártico. Sua localização remota e as dificuldades técnicas envolvidas na gravação tornam extremamente raras as aparições desses animais. A primeira filmagem conhecida desse tubarão em seu habitat natural ocorreu somente em 1995, representando um avanço significativo para a compreensão dessa espécie.
Esses tubarões possuem uma longevidade excepcional, podendo viver entre 400 e 500 anos. Sua taxa de crescimento é muito lenta se comparada a outros tubarões, devido às águas frias do Ártico e à baixa taxa reprodutiva. Estudos indicam que eles só atingem a idade reprodutiva entre 134 e 156 anos. Essa longevidade supera até mesmo a das tartarugas de Galápagos, que vivem cerca de 100 a 150 anos.
A estimativa de idade desse tubarão foi feita por meio da análise dos anéis de crescimento presentes em suas vértebras, semelhante à contagem de anéis de árvores. Cada anel representa um período de crescimento, permitindo aos cientistas estimarem sua idade com precisão.
O tubarão-da-Groenlândia possui um metabolismo mais lento em comparação com outros tubarões, o que lhe confere uma maior eficiência energética e prolonga sua vida útil. Essa característica, aliada ao ambiente relativamente estável em termos de temperatura e condições do Ártico, contribui para sua longevidade.
No entanto, a descoberta desse tubarão no Caribe vai contra os padrões históricos de distribuição da espécie, possivelmente relacionados às mudanças climáticas.
Os tubarões-da-Groenlândia são conhecidos por prosperarem nas águas geladas do Ártico, com temperaturas variando entre -1°C e 10°C. Geralmente encontrados ao redor da Groenlândia e da Islândia, são os únicos tubarões conhecidos por tolerarem as condições árticas durante todo o ano.