No início deste ano, o ministro-chefe do estado de Tamil Nadu, na Índia, Muthuvel Karunanidhi Stalin, lançou uma iniciativa ambiciosa: uma recompensa de US$ 1 milhão (cerca de R$ 5,9 milhões) para qualquer especialista que consiga decifrar a enigmática escrita da civilização do Vale do Indo. Este código, incrustado em cerâmicas e com mais de 5 mil anos de idade, é um dos maiores desafios da arqueologia e da linguística.
A esperança de desvendar o colapso dessa civilização reside na decodificação de sua escrita. Até o momento, foram encontrados cerca de 4 mil registros contendo os sinais do idioma Indo, mas a análise desses textos enfrenta desafios imensos.
As inscrições são curtas, com uma média de cinco símbolos, o que limita a compreensão de seu significado. Além disso, não há um “artefato bilíngue”, como a famosa Pedra de Roseta que permitiu a decifração dos hieróglifos egípcios, para correlacionar os sinais desconhecidos a uma linguagem compreendida.
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Nos últimos anos, pesquisadores têm recorrido a ferramentas da ciência da computação, como o aprendizado de máquina, para avançar na análise da escrita. Usando um banco de dados digitalizado dos sinais do Indo, uma equipe conseguiu identificar padrões promissores. Descobriu-se, por exemplo, que 67 símbolos correspondem a 80% da escrita conhecida. O sinal mais comum, descrito como um jarro com duas alças, tem despertado particular interesse.
A decifração do código da civilização do Vale do Indo não seria apenas um triunfo para a Índia, mas para toda a humanidade. Compreender essa escrita pode lançar luz sobre as práticas culturais, econômicas e religiosas de uma sociedade que, em muitos aspectos, foi pioneira.
A recompensa de US$ 1 milhão oferecida pelo governo indiano é um incentivo significativo para mobilizar especialistas de todo o mundo. Mais do que o valor monetário, a iniciativa destaca o desejo de preservar e compreender as raízes da civilização humana.