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Ator da Globo comenta foto da mulher beijando outro homem: “Sei quem é”

O sertão pode não ter virado mar, mas se transformou em uma grande comunidade periférica e urbana, com todos os seus desafios e personagens complexos. O filme “Grande Sertão”, dirigido por Guel Arraes e com roteiro assinado por ele e Jorge Furtado, traz uma releitura contemporânea do clássico literário “Grande Sertão: Veredas”, de João Guimarães Rosa. Nesta nova versão, os atores Caio Blat e Luisa Arraes assumem os papéis de Riobaldo e Diadorim.

A obra, que já teve diversas adaptações, incluindo a minissérie da TV Globo de 1985 com Tony Ramos e Bruna Lombardi, estreia nos cinemas brasileiros no próximo dia 6. No entanto, a pré-estreia acontece nesta quinta-feira (23), às 20h, com exibição gratuita no CineCarioca Nova Brasília, no Complexo do Alemão.

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“Não poderia ser de outra forma. É um filme feito sobre eles (moradores de comunidade), é o público que a gente almeja”, afirma Caio Blat. Ele destaca a importância de levar o filme diretamente para as comunidades que retrata. “Festivais de cinema são bacanas, prêmios são ótimos. Guel foi à Estônia receber o de Melhor Diretor, inclusive. Mas a gente quer que esse trabalho alcance seus verdadeiros destinatários, pessoas que vivem essa guerra cotidianamente.”

Nesta adaptação, o universo dos jagunços do sertão nordestino é transposto para o ambiente das organizações criminosas de uma periferia urbana. Riobaldo, o narrador e protagonista, é um professor de História que se junta a um bando criminoso por amor a Diadorim, uma das figuras mais violentas do grupo.

“É a terceira vez que vivo Riobaldo. Na peça dirigida por Bia Lessa, conheci e me apaixonei por Luisa. Ficamos em cartaz por três anos com lotação esgotada, viajando pelo Brasil, e depois filmamos ‘O Diabo na Rua, no Meio do Redemunho’, que já foi exibido em festivais, mas ainda será lançado em circuito nacional. Depois da pandemia, rodamos esse ‘Grande Sertão'”, detalha Caio. Ele relembra um ensinamento do dramaturgo Domingos Oliveira: “O melhor de tudo é o trabalho; não pode casar e não trabalhar junto!”

Caio comenta sobre seu relacionamento

Enquanto Riobaldo enfrenta um conflito interno por acreditar estar amando um homem (Diadorim possui um biotipo andrógeno), o casamento de Caio e Luisa tem sido alvo da curiosidade pública por ser um relacionamento aberto. “Eu sou um cara muito reservado na minha intimidade. Mas acho que a monogamia traz muito do patriarcado. Tem uma coisa antiga, de posse. Os homens sempre apareceram traindo e saindo sozinhos, e as mulheres ficavam mais submissas. Agora elas também estão tomando a sua liberdade, se empoderando, buscando uma igualdade de direitos entre os gêneros.”

Caio enfatiza que a identidade individual continua existindo dentro de um casamento. “Você tem os seus gostos, seus amigos, pode até sentir atração por outras pessoas. Tudo isso deve ser conversado e entendido, faz parte de um acordo e só fortalece o casal. É o que acontece com a gente.”

Sua esposa foi vista beijando outro cara

O ator considera invasiva a divulgação de uma foto de Luisa beijando o cantor Chico Chico na plateia de um show. “É uma falta de respeito com um momento de lazer da pessoa. Eu sabia exatamente onde ela estava, com quem ela estava, faz parte do nosso acordo. Estamos juntos há sete anos e queremos continuar juntos por muito tempo ainda.”

Para Caio, sexualidade e religião são temas pessoais e inquestionáveis. Em “Grande Sertão”, Riobaldo faz um pacto com o diabo para entender o mundo e a si mesmo, enquanto Caio é adepto do budismo e do candomblé. “Eu sou uma pessoa muito espiritualizada, medito todos os dias. Tive um encontro forte com o budismo quando fui ao Nepal gravar ‘Joia Rara’ (2013). E adoro ir ao terreiro receber um banho, um passe. Não tenho receio em falar, mas infelizmente o preconceito religioso está muito forte no Brasil. Isso é muito triste! Pratique a sua religião e a sua sexualidade e não opine nas escolhas dos outros. Mais do que preconceito, isso é crime”, alerta.

A nova versão de “Grande Sertão” promete não apenas revisitar um clássico da literatura brasileira, mas também trazer uma reflexão contemporânea sobre violência, amor, e a complexidade das relações humanas nas periferias urbanas.

Marcos Amaral

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