Marisa Maiô durante seu programa digital, exibido em redes sociais; personagem é criada por inteligência artificial e viralizou nas últimas semanas (Foto: reprodução/X)
Uma apresentadora de programa de auditório com visual estilizado, tom sarcástico e vídeos de alta qualidade viralizou nas redes sociais na última semana. Mas o que mais chama atenção é que ela não existe. Marisa Maiô é uma criação de inteligência artificial desenvolvida pelo criador de conteúdo Raony Phillips.
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O programa tem cerca de um minuto e é dividido em quadros curtos, de até oito segundos. Todos os elementos — convidados, plateia e cenário — foram gerados por IA. O primeiro vídeo ultrapassou 1,5 milhão de visualizações; o segundo já soma mais de 3,5 milhões.
Diante do alcance, Marisa foi contratada pela Magazine Luiza. No sábado (7), a varejista lançou um episódio especial com foco no Dia dos Namorados, integrando a personagem a sua estratégia de publicidade. O conteúdo mantém o tom irônico que marcou os vídeos anteriores.
Marisa também ganhou versões feitas por fãs, que publicam imagens da personagem em supostos bastidores, como saindo do banho ou passando por aeroportos — como ocorre com celebridades reais.
A aparência realista dos vídeos chama atenção. Quando assistidos em telas menores, como as de celulares, os conteúdos dificultam a identificação de que tudo foi criado digitalmente, incluindo imagem, som e sincronia labial.
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Raony Phillips já havia trabalhado com produções de IA em seu canal no YouTube, mas nenhuma com o mesmo nível de realismo. Em entrevista ao programa Fantástico, da TV Globo, ele atribuiu o impacto da personagem ao roteiro, escrito com foco em humor e crítica social.
A criação utiliza os programas de IA generativa Veo 2 e Veo 3, desenvolvidos pelo Google. Os planos da ferramenta variam de US$ 50 a quase US$ 900.
Especialistas apontam que Marisa Maiô representa um marco para o audiovisual nacional. Em coluna na Folha de S.Paulo, o pesquisador Ronaldo Lemos classificou o caso como um dos mais relevantes do setor nos últimos anos. O sucesso também levanta preocupações sobre os impactos da inteligência artificial na comunicação, publicidade e percepção da realidade.