A CBF convocou os clubes para decidirem se o futebol brasileiro será paralisado enquanto a situação das enchentes no Rio Grande do Sul não se resolve. O Conselho Técnico Extraordinário está marcado para 27 de maio e qualquer que seja a decisão haverá críticas.

O assunto é controverso e o presidente da entidade, Ednaldo Rodrigues, temendo desgaste, não quer tomar nenhuma atitude sozinho. Dividindo a responsabilidade, espera sair ileso de uma questão em que não há consenso.

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A própria data da reunião gerou protesto do vice-presidente de futebol do Grêmio, Antônio Brum. “Discutir a paralisação do Brasileirão no dia 27/5? Que tipo de brincadeira de mau gosto é essa, CBF? Vocês realmente não entenderam o que estamos passando por aqui!”, escreveu o dirigente, em uma rede social, na noite de domingo.

Assim como Internacional e Juventude, os gremistas defendem a paralisação imediata do Brasileiro por até três rodadas. O Ministério do Esporte também defende esse ponto de vista, mas por tempo indeterminado.

O problema é que isso pode gerar grande transtorno para os clubes, que já têm calendário bem apertado. Para completar, há a questão financeira, com acordos com patrocinadores que precisam ser honrados.

“Na conferência, os clubes vão deliberar sobre aspectos técnicos das competições bem como a situação de registro e transferência de atletas, questões jurídicas com relação aos acessos às competições internacionais como Libertadores, Sul-Americana e Mundial de Clubes e questões de direitos de transmissão e patrocínios”, diz a CBF, em nota publicada em seu site oficial.

Sinceramente não sei o que é o melhor a ser feito. Entendo o lado dos clubes gaúchos, que estão impossibilitados de treinar e têm funcionários desabrigados ou com familiares entre as vítimas da tragédia ambiental.

Mas também vejo que as partidas dos demais clubes podem ajudar na recuperação do Rio Grande do Sul. Se um treino aberto proporcionado pelo Atlético resultou em excelente arrecadação de donativos, o que dirá um jogo valendo três pontos?

Só torço para que todos os envolvidos tenham civilidade para apresentar seus pontos de vista sem desmerecer a opinião dos demais. Mais que nunca é preciso diálogo para que seja tomada a melhor decisão possível, ainda que alguns fiquem insatisfeitos. Assim é a democracia.

RESPONSABILIDADE

As más administrações de clubes de futebol não são exclusividade brasileira. Por vários países vemos agremiações passando dificuldades por conta de decisões infelizes de seus dirigentes, incluindo gigantes europeus.

O Barcelona, por exemplo, sofre para ter um time minimamente competitivo, pois gastou além de suas posses há alguns anos e agora precisa respeitar o fair play financeiro. Essa é uma das diferenças dos europeus para o nosso futebol, onde parece não haver limite para a irresponsabilidade de alguns.

Como por aqui, o clube catalão tem apostado nas categorias de base. Mas não dá para ganhar títulos importantes só com garotos. Ou dá?

Paulo Galvão

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