“O aspecto psicológico é tão importante quanto esquemas táticos, qualidade técnica e bom condicionamento físico.”
O primeiro jogo da decisão do Campeonato Mineiro teve todos os ingredientes de um grande clássico, com gols, jogadas bonitas, falhas bizarras, polêmicas de arbitragem e muita disputa. Um aspecto que me chamou atenção foi a questão mental dos atletas. Tanto cruzeirenses quanto atleticanos mostraram muito abatimento após suas equipes sofrerem o primeiro gol, o que foi aproveitado pelo adversário.
É importante que as comissões técnicas entendam – ou tentem entender – porque isso aconteceu. O aspecto psicológico é tão importante quanto esquemas táticos, qualidade técnica e bom condicionamento físico.
Para ser vencedor, um time precisa ser forte mentalmente e vários treinadores vêm falando sobre isso. Alguns dirigentes estão atentos à questão, como os dos dois gigantes mineiros, que contam com profissionais em suas comissões técnicas para cuidar da “cabeça” dos atletas.
No Atlético, Gabriel Milito trouxe com ele da Argentina o psicólogo Patricio Morales, que vai trabalhar ao lado de Michelle Rios, que já estava no clube. No Cruzeiro, há uma equipe multidisciplinar.
Até a CBF se rendeu e contratou Marisa Lúcia Santiago, que esteve com a delegação da Seleção Brasileira na Europa para os amistosos contra Inglaterra e Espanha, no mês passado. Com isso, a entidade colocou fim a hiato de quase 10 anos, pois desde a saída de Regina Brandão, após a Copa do Mundo de 2014, disputada no Brasil, o Escrete Canarinho não contava com um profissional ou uma profissional do setor.
Mestre em Psicologia do Esporte pela UFMG, Marisa começou no vôlei do Minas, trabalhou no Atlético e atualmente está no Bahia. Ela é especializada em terapia cognitiva comportamental e também trabalha como professora universitária.
“A ideia da psicologia do esporte tem duas linhas mestras. O desempenho, resultado e performance é uma. A outra é a saúde mental”, contou ela, em entrevista à CBF TV. “Trabalho com coesão de grupo, com liderança, em como lidar com a ansiedade, com a pressão, em controle dos pensamentos e várias questões que eles podem ter algumas dificuldades. A psicologia do esporte vai exatamente trabalhar nesses pontos para ajudá-los a ter o melhor desempenho técnico e tático.”
Os atletas aprovam. “Como jogador da Seleção, que tem voz ativa, falo para as pessoas procurarem mesmo ajuda. Posso falar porque salvou minha vida”, afirmou o atacante Richarlison, que faz terapia desde setembro, quando enfrentou problemas. “É importante a Seleção ter um psicólogo para ajudar os atletas. Só a gente sabe a pressão que sofre, não só dentro, mas também fora de campo. Eu sofri mais fora de campo e sei como é importante ter um psicólogo perto da gente.”
No Galo, os psicólogos podem ajudar Hulk a ficar mais calmo em campo. Sou fã demais do camisa 7 alvinegro, mas ele está voltando a exagerar nas reclamações com a arbitragem. No jogo de sábado, na Arena MRV, ele se dirigiu ao árbitro Felipe Fernandes de Lima quando ele apitava e quando ele não apitava algum lance. Poderia ter ajudado mais se estivesse concentrado em jogar.