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Esportes

CBF desvaloriza o próprio produto

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Rodrigo Ferreira/CBF

O Campeonato Brasileiro tem tudo para ser uma das competições mais disputadas no mundo, pela qualidade dos jogadores, a tradição dos clubes, a paixão das torcidas e a ampla cobertura da mídia. Porém, estamos longe dos melhores torneios, especialmente os europeus, que não só têm mais dinheiro, mas também por dar exemplo de organização.

Ainda que neste ano tenha ocorrido um fator atípico, que foi a tragédia das enchentes no Rio Grande do Sul, não é normal que tenhamos tanta disparidade em número de jogos na Série A. Se o líder Botafogo e o vice-líder Palmeiras já disputaram 18 partidas, há equipes com 17 jogos, com 16 e até com 14, como é o caso do Internacional.

Nossa maior competição fica conhecida como o “campeonato dos asteriscos” e isso acaba gerando desequilíbrio técnico entre as equipes. E a tendência é aumentar, pois nada menos que quatro confrontos da 19ª rodada, previstos para este meio de semana, foram adiados. Mas um jogo da terceira rodada, entre Criciúma e Fortaleza, está marcado para esta quarta-feira (24/7).

Há jogos que deveriam ter sido disputados no começo de maio e até agora ninguém sabe quando vão ocorrer. É o caso de Cruzeiro e Internacional, pela quinta rodada. Ou Atlético x Grêmio, pela sexta rodada.

E não é culpa só dos estaduais. As copas regionais, que são organizadas pela própria CBF, também tiveram datas conflitantes com o Brasileiro. Uma bagunça total, que deixa o torcedor perdido e certamente afasta investidores, sejam eles patrocinadores, sejam interessados na compra das SAF’s.

Também temos problemas em relação aos gramados. Muitos estão sem condições de receber atletas que valem milhões, como é o caso do piso do Estádio Mané Garrincha, em Brasília, que recebeu recentemente jogos de equipes como Juventude e Flamengo.

E não parece haver nenhuma disposição para melhorar isso. Os clubes deveriam se unir e exigir um calendário mais racional, que protegesse seus melhores jogadores, mas não conseguem se entender nem mesmo quando o assunto é algo que vai beneficiar a todos, como a Liga Brasileira de Futebol – houve divisão quando o assunto veio à tona, com alguns mais preocupados com próprio umbigo que com o bem comum.

Mesmo assim, os estádios estão cheios e os jogos continuam dando muita audiência na TV, no rádio e na internet. Pelo jeito, os torcedores não ligam de ser feitos de bobo, pagando caro por jogos que estão longe de serem o espetáculo que é propagandeado.

GALO RESSABIADO

Por falar em torcedor, muitos atleticanos com os quais conversei se mostraram cautelosos após o sorteio na semana passada apontar o CRB como adversário do Galo nas oitavas de final da Copa do Brasil. A equipe alagoana é, teoricamente, a mais fraca dentro todas as 16

que seguem vivas no mata-mata, ocupando posição intermediária na tabela de classificação da Série B do Brasileiro.

O principal motivo apontado por esses alvinegros para não se mostrarem tão otimistas é o retrospecto da equipe mineira em algumas disputas contra equipes nitidamente mais fracas. Foi o que ocorreu, por exemplo, diante do Afogados da Ingazeira-PE, ainda pela segunda fase da edição 2020. Já nas semifinais de 2002, o algoz foi o Brasiliense. Dois anos mais tarde, foi eliminado pelo Santo André.

Como dizem no interior de Minas, cachorro picado por cobra tem medo de linguiça. Mas vejo o Galo como franco favorito. Ainda mais agora, que tem titular à disposição e buscou reforços.