O futebol brasileiro não aprende. Quatro dias depois de fechada a janela de transferências de meio de ano, dois clubes demitiram seus treinadores, o América e o Santos. Por estar mais próximo, vou me ater ao clube mineiro. E também porque, pelo que informam os companheiros jornalistas de São Paulo, o clube da Vila Belmiro está uma bagunça.
Em matéria publicada na última sexta-feira no jornal Aqui, o repórter Pedro Bueno mostrou que o Coelho foi um dos times que mais contratou nas últimas semanas, com seis jogadores, sendo três já conhecidos da torcida: o lateral-direito Daniel Borges e os atacantes Paulinho Bóia e Pedrinho. Também chegaram o zagueiro argentino Esteban Burgos, o volante uruguaio Javier Méndez e o atacante Renato Kayzer.
Todos, certamente, foram aprovados e/ou indicados por Vagner Mancini, que não resistiu aos 3 a 1 para o Bahia, na Fonte Nova, no domingo. O resultado poderia ser considerado normal não fosse a situação atual da equipe, lanterna do Campeonato Brasileiro, com apenas duas vitórias em 17 jogos, nos quais tomou inacreditáveis 40 gols.
Agora, a diretoria americana parte em busca de outro treinador. O problema é que ele, qualquer que seja o nome, terá de trabalhar com os jogadores que já estão no clube e que foram indicados em sua maioria pelo antecessor.
Isso não é privilégio do América. Outros clubes já fizeram o mesmo e outros certamente farão nas próximas rodadas. Afinal, o que fica explícito é que não há convicção sobre o que está sendo feito nos departamentos de futebol das agremiações nacionais.
Mais da metade dos times da Primeira Divisão já trocaram de treinador, sendo que alguns já estão no terceiro comandante efetivo. São os casos de Corinthians, Santos e Coritiba, que não por coincidência estão na parte de baixo da tabela.
Algumas mudanças foram por vontade dos próprios treinadores, é verdade, caso do português Luís Castro, que deixou o Botafogo na liderança para fazer a independência financeira no Al Nassr, da Arábia Saudita. Mas a maioria das trocas é mesmo pela insatisfação com o trabalho realizado no dia a dia e, principalmente, a falta de resultados.
Não há solução para isso. Os clubes chegaram a limitar em uma o número de trocas de treinador durante o Brasileiro de 2021. Mas já no ano seguinte voltaram atrás e liberaram a regra.
Até porque ela já não vinha sendo cumprida. A troca em “comum acordo” era permitida e foi usada várias vezes. Afinal, não tem bobo no futebol.
DESILUSÃO
Dinheiro pode até comprar felicidade, mas não compra time campeão. Prova disso é o Paris Saint-Germain, que gastou uma fortuna para ter os melhores jogadores possíveis, mas que não consegue se dar bem além das fronteiras francesas.
Se alguns apelidaram o clube gerido pela família real do Catar de “prisão de ouro”, o certo é que os “prisioneiros” cada vez mais querem sair de lá. O primeiro foi Messi, que se transferiu para o Inter Miami. Mbappé já anunciou que não pretende renovar o contrato e, se pudesse, já estaria vestindo outra camisa. Agora é a vez de Neymar também tentar antecipar a saída, como noticia a imprensa europeia.
Deve ter algo muito errado no ambiente da instituição parisiense. Afinal, são todos atletas consagrados, que ganham fortunas por mês, contam com estrutura de primeira linha, atuam em gramados bons e que contam com o o apoio da torcida.