Quem gosta de futebol sabe que ver jogo no estádio é muito melhor que na TV. O mundo ideal é estar “in loco” com acesso à transmissão de imagens no celular, o que não é fácil para torcedor comum, até por questões de segurança, principalmente quando há grande público no local.

Este ano, por razões profissionais, não havia conseguido ir a nenhuma partida. Pela primeira vez desde 1997 não trabalhei em nenhum compromisso do Campeonato Mineiro. Assim, saudoso do clima das canchas belo-horizontinas, resolvi ver América x CRB no último sábado, no Independência, pela 10ª rodada da Série B do Campeonato Brasileiro.

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E por opção, ao invés de pedir credenciamento à CBF para acompanhar o duelo da tribuna de imprensa, comprei ingresso e fui no meio da torcida americana. Me diverti bastante, inclusive com as reclamações de alguns americanos, que têm predileção por pegar no pé de alguns jogadores, como o goleiro Dalberson, o lateral-direito Daniel Borges e o atacante Brenner.

O Coelho dominou as ações desde o começo, mas foi surpreendido por contra-ataque dos alagoanos aos 18min, o que deu ares dramáticos à disputa e irritou a maioria dos presentes. O empate logo no início do segundo tempo, com o ídolo Juninho, e a virada aos 10min, com Fabinho, devolveu a alegria aos americanos, mas nem tanto, pois o time desperdiçou chances de fazer o terceiro e ainda correu alguns riscos. Só com o apito final os torcedores respiraram aliviados e comemoraram o triunfo, que manteve o time na liderança da Segunda Divisão.

Não fui ao Horto esperando jogo de alto nível técnico, como pareceu ser o caso de alguns dos meus companheiros de arquibancada do sábado. Não se pode exigir que um jogador que está na Série B tenha a qualidade de alguém convocado para a Seleção Brasileira ou dos grandes times europeus.

Na Segundona a aplicação, a vontade, costuma valer mais que qualidade individual. Existem exceções, claro, e um deles “desfilou” no gramado do Independência: o camisa 10 Benítez.

O que o jogador argentino joga de futebol é uma enormidade. Uma pena que não consiga fazer isso de forma constante, como a equipe alviverde necessita. Mas quando consegue, faz muita diferença e arrisco dizer que ele está entre os três melhores desta Série B.

E há também jogadores promissores, como o volante Felipe Amaral, de 20 anos, e os atacantes Renato Marques, também de 20, e Adyson, de apenas 18. Que o técnico Cauan de Almeida continue tirando o melhor deles e ajudando na evolução de cada um. Ele parece ter encontrado o caminho certo para o América, que precisa só ser mais eficiente nas finalizações. Minas merece mais um time na Primeira Divisão.

MISTÉRIO

Muitas negociações no futebol não são simples, pois envolvem ao menos quatro partes: o contratante, o vendedor, o jogador e o estafe dele. Chegar a um ponto que satisfaça a todos não é fácil. Muitas vezes os clubes se acertam, mas o atleta e/ou os representantes dele não aceitam as condições. Outras vezes, dirigentes e empresários são a favor da transação, mas o próprio jogador não quer a mudança, que pode passar por questões financeiras, familiares e até de relacionamento.

Ciente de tudo isso, estou embasbacado com as notícias sobre a contratação do atacante Dudu pelo Cruzeiro. Tanto dirigentes celestes quanto alviverdes garantiram ter acertado tudo com anuência do empresário e do próprio jogador. Mas incrivelmente o negócio ainda não foi fechado. Misterioso, para dizer o mínimo.

Paulo Galvão

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