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Eu nunca vi malas brancas ou de qualquer outra cor, mas elas existem

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Em quase 30 anos de atuação como jornalista esportivo, nunca vi mala de dinheiro sendo entregue a jogadores por emissários de outros clubes, no chamado “doping financeiro”. Portanto não posso dizer se ela é branca, como dizem, preta, vermelha, azul, roxa ou amarela. Mas sempre ouvi que ela existe e se movimentam como nunca nos fins de temporada, como o período que estamos vivendo.

Há quem lute por título, por vaga na Copa Libertadores, contra o rebaixamento, pelo acesso à Primeira Divisão. Ou seja, além de exigir que os próprios funcionários façam a parte deles, o que não ocorreu em algum momento, é preciso contar com a ajuda de outros.

Não vejo nada demais em um clube “incentivar” atletas de outra agremiação com valor financeiro previamente definido. Não é o mesmo que pagar para eles perderem um jogo. Isso, sim, uma prática condenável. Mas entendo quem pense diferente.

As histórias que escutei dão conta que muitas vezes um dirigente tirava valores do próprio bolso para “motivar” jogadores de outras equipes. Até porque seria difícil explicar no balanço anual o pagamento de valor a quem nem é funcionário ou não foi contratado para prestar serviço. Ou pior, a quem tem contrato com um rival.

Como nem todos dispunham de recursos sobrando, mas eram apaixonados pelo clube, tinham de ser criativos. A velha vaquinha era a prática mais comum nesses casos, em que mecenas abriam as carteiras para ajudar.

Fico imaginando agora, com o advento das Sociedades Anônimas do Futebol (SAFs), como os executivos estão se virando para justificar o gasto. Imagine também um funcionário do Botafogo explicando para o norte-americano John Textor que há clubes pagando a outros para que eles se empenhem mais quando enfrentam o time da estrela solitária. Ou que ele deve premiar outros jogadores, que não os seus, para que eles “ajudem” o Alvinegro. O gringo não deve entender nada.

O mesmo vale para dirigentes da 777 Partners, que adquiriram o controle do Vasco, ou do Grupo City, gestores da SAF do Bahia. Trata-se de uma coisa que me parece bem brasileira.

Jogadores já me relataram terem recebido premiações gordas ou presentes caros, como um carro de luxo, de donos de times. É prática comum em países árabes, onde o petróleo faz o dinheiro jorrar, e também em outros, como era na Ucrânia antes da invasão russa.

Mas não tenho conhecimento de que o dono de um clube pague a jogadores de outro para eles fazerem bem o próprio trabalho. De repente vai ser mais um artigo a ser exportado pelos meus sempre criativos compatriotas.

No atual Campeonato Brasileiro, a disputa está das mais interessantes, tanto pelo título quanto contra o rebaixamento, passando por busca de vaga na Copa Libertadores. Na Série B, o Vitória já é o campeão e o Criciúma também garantiu o acesso, faltando definir os outros dois que vão disputar a Primeira Divisão em 2024 e também mais dois rebaixados, que farão companhia a Londrina e ABC na Série C do ano que vem.

Algumas torcidas estão desesperadas. Entre elas, a do Guarani, que conseguiu perder em casa para o lanterna ABC – será que os atletas foram premiados por outras equipes? – e desperdiçou a chance de continuar na briga pelo acesso. Já a do Sport não acredita que o time vá deixar escapar a vaga depois de passar 23 rodadas no G4.

MINEIRO FEMININO

Com vitória por 1 a 0 sobre o Atlético, o Cruzeiro ficou com o título do Campeonato Mineiro Feminino de 2023, no qual teve a melhor campanha. A partida decisiva foi em horário nobre, às 16h de um domingo, e transmitida pela TV aberta.

O nível técnico ainda deixa a desejar, mas é muito bom ver as atletas e equipes evoluindo. E também ganhando espaço. É com apoio de todos que atingiremos o mais alto patamar no esporte.  

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