O gol marcado por Renato Marques, do América, contra o Santos, na última sexta-feira, no Independência, pela sexta rodada da Série B do Campeonato Brasileiro, continua gerando muita discussão. As opiniões são as mais variadas. Há quem condene a atitude do jogador de fazer o gol depois de o goleiro adversário sofrer contusão e perder o domínio da bola. Outros acham que ele fez o certo ao tocar para o gol vazio, pois cumpriu a missão para a qual é pago pelo clube. E ainda tem gente defendendo que o Coelho deveria ter permitido ao Peixe empatar o jogo, pois se o atacante agiu por instinto, sem ter tempo para perceber o que ocorreu com o camisa 1 santista, na sequência ficou claro que a contusão do colega de trabalho foi grave. Há até quem aponte erro do árbitro Wilton Pereira Sampaio (GO), que deveria ter paralisado a partida tão logo João Paulo levantou o braço, ainda que não seja obrigado a isso.
Todas as opiniões devem ser respeitadas, menos crucificar um jovem de apenas 20 anos, que está buscando seu espaço no concorrido mercado do futebol profissional. Não tenho procuração para defendê-lo, mas considero que Renato usou o instinto de artilheiro, fez o que quase todo jogador da posição faria em um jogo “encardido”, que envolveu dois dos favoritos ao acesso à Primeira Divisão.
Podemos discutir se a obrigação de vencer, se a pressão por resultados, se a necessidade de “dar resposta” cada vez que entram em campo faz com que muitos atletas percam um pouco a noção de até onde vai a disputa e começa o respeito pelo outro, principalmente no futebol. Podemos, e devemos, discutir a importância do jogo limpo – o famoso fair play –, que deve ser ensinado desde a categoria pré-mirim. Mas não podemos colocar a culpa nas costas de alguém que é produto do meio em que está inserido.
Que o Renato Marques aprenda com o ocorrido e se torne não só um profissional mais completo, mas uma pessoa melhor. E que todos nós repensemos nossas cobranças e nossa relação com o esporte, que é apaixonante, mas não passa de entretenimento.
Já ao João Paulo, desejo que ele se recupere bem da grave lesão sofrida no Horto. Trata-se de um grande goleiro.
BIPOLARIDADE
O Atlético deve confirmar, diante do Caracas-VEN, esta noite, na Arena MRV, a melhor campanha no Grupo G da Copa Libertadores. A diferença técnica e o apoio da torcida devem pesar a favor do time alvinegro, que ainda tem chance de ter a melhor campanha geral da fase de grupos da competição, dependendo também de outros resultados.
As duas derrotas seguidas quebraram a incrível sequência de 12 jogos de invencibilidade do Galo sob o comando de Gabriel Milito e fez com que muita gente questionasse o nível do grupo que ele tem em mãos. Parece que tudo que vinha sendo feito pelo argentino e seus comandados foi apagado de uma vez e não valeu de nada.
Não sou do tipo que achava que o Atlético era um supertime quando obteve vitórias muito convincentes. Muito menos estou entre os que acreditam que agora está tudo errado na Cidade do Galo.
Um dos motivos de o futebol ser fascinante é sua imprevisibilidade. Muitas vezes uma equipe joga mal e ganha. Outras, domina o adversário, mas fica no empate ou perde. É preciso entender isso, evitando euforia em excesso quando as coisas dão certo, bem como a depressão profunda quando saem erradas. E isso não serve só para os atleticanos, mas para todos os que gostam de futebol.