A edição 2024 do Campeonato Brasileiro começou e logo na primeira rodada os gols, as jogadas, as grandes defesas e as disputas ficaram em segundo plano. O que chamou atenção mesmo foram os erros de arbitragem, alvo de integrantes de praticamente todos os 20 clubes envolvidos na disputa. Quase todas as reclamações têm fundamento, ainda que algumas me soem exageradas.

O maior problema é que não há mudanças realmente efetivas para minimizar os equívocos dos responsáveis por mediar os jogos de futebol no Brasil. Os árbitros são os únicos amadores em um esporte cada vez mais profissional – até alguns torcedores, aqueles das maiores organizadas, vivem de torcer.

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Tinha grande esperança de que o auxílio eletrônico pudesse diminuir muito os erros em lances capitais – o VAR só pode ser usado para decidir se é ou não gol, pênalti ou não e para definir expulsões. Mas até nisso nós falhamos miseravelmente. No futebol nacional, ou o VAR é “muleta” dos árbitros, que não tem convicção nas marcações, ou se intromete demais nas decisões de quem está em campo. Em ambos os casos, desvirtua decisões. O futebol a olho nu é um. Em câmera lenta, outro.

E nossos atletas, técnicos, demais membros de comissões técnicas e dirigentes não ajudam. Nos melhores campeonatos do mundo, não vejo jogadores peitando juiz ou correndo atrás enquanto ele se dirige à cabine de vídeo. Ou diretores invadindo campo após apito final de um jogo para tirar satisfação com o quarteto de arbitragem. Aliás, sinto tristeza cada vez que vejo policiais militares ou seguranças privados marcando presença nos gramados para acompanhar a ida dos árbitros e assistentes até o vestiário. Somos uma sociedade que não sabe respeitar o outro. Um bando de mal-educados, inclusive quando se trata de algo que é, em sua essência, entretenimento.

Se não houver união de clubes, CBF, jogadores, treinadores e dos próprios árbitros, vamos ficar ouvindo a ladainha de “roubo”, “assalto”, “armação”, “cartas marcadas”. Com as agremiações e SAF’s investindo cada vez mais dinheiro em recursos humanos e infraestrutura, a arbitragem também precisa receber atenção.

Que se organize seminário, que se instalem grupos de trabalho, que se ouçam especialistas no tema. O que não podemos é seguir com tantos erros a cada rodada, com tanta gente legitimamente insatisfeita depois de cada jogo.

O que está em jogo é um dos maiores produtos do nosso país, o futebol. Ninguém vai se interessar em “comprá-lo” se tantas falhas persistirem.

E ainda se corre o risco de que se levantem suspeitas sobre as atitudes dos responsáveis pelas arbitragens. E aí toda a reputação do esporte mais popular do país pode ir pelo ralo.

PALPITES

A cada começo de campeonato, a imprensa e os torcedores apontam os favoritos ao título, os que podem surpreender, quem vai sofrer e até quem entra para ser rebaixado. O futebol costuma surpreender, mas com 38 rodadas, como é o caso do Brasileiro, as chances de isso ocorrer são menores.

Os pontos corridos costumam premiar a regularidade. Assim, a briga pelo título não deverá sair do trio formado por Atlético, Flamengo e Palmeiras. Já o Internacional depende de que os excelentes jogadores que têm se entendam e que o técnico Eduardo Coudet não atrapalhe. Qualquer outro que se candidatar a campeão será surpresa para mim.

Já na parte debaixo da tabela, os quatro que subiram – Atlético-GO, Criciúma, Juventude e Vitória – deverão lutar contra o rebaixamento, assim como Cruzeiro, Cuiabá e Vasco. Mas claro que posso estar completamente errado. O tempo dirá.

Paulo Galvão

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