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foto: Thais Magalhães/CBF

O futebol nos ensina a cada dia, a cada jogo, a cada rodada. No último sábado, duas equipes entraram em campo com 14 horas e 14.500 quilômetros de distância entre seus jogos, se mostraram bem preparadas, mas deixaram o gramado lamentando o resultado negativo pelo mesmo resultado, 2 a 1.

Logo cedo – no horário brasileiro –, a Seleção Brasileira Feminina encarou a França, em Brisbane, na Austrália, confiante que poderia vencer as europeias pela primeira vez na história. Nos dias que antecederam o confronto, o discurso das jogadoras e da comissão técnica era de que conheciam bem as adversárias, se prepararam da melhor forma para anular as principais jogadas, inclusive o forte jogo aéreo, e para chegar ao gol.

Entre o discurso e a prática, porém, houve um abismo. Tanto que as francesas marcaram duas vezes de cabeça, sendo que as próprias brasileiras reconheceram que no segundo gol, mesmo sabendo exatamente como seria a cobrança de escanteio, não conseguiram evitar que Renard tivesse liberdade para finalizar pelo alto.

Cerca de 12 horas depois de o Brasil ser derrotado, o Atlético recebeu o Flamengo, no Independência, e fez um grande primeiro tempo, com muita movimentação – ou intensidade, como está na moda dizer – na frente e postura sólida atrás. O 1 a 0 nos primeiros 45 minutos, gol do talentoso Paulinho, ficou barato para o rubro-negro, que praticamente não viu a cor da bola.

Mas na etapa final surgiram dois problemas. O primeiro foram as chances desperdiçadas pelo Galo, o que, aliás, também ocorreu no primeiro tempo. Depois, o time alvinegro pareceu ter caído fisicamente e não conseguiu manter o ritmo. Os cariocas se aproveitaram, chegaram ao empate em gol de falta do craque De Arrascaeta e à virada em passe perfeito do uruguaio para o jovem lateral Wesley, que venceu Everson com toque sutil por cima.

Ou seja, o Atlético sabia exatamente o que fazer para vencer o Flamengo. Enquanto teve pernas, cumpriu bem o que foi planejado e, provavelmente, treinado pelo técnico Luiz Felipe Scolari – digo provavelmente porque a imprensa não tem mais acesso aos centros de treinamentos dos clubes.

A conclusão é que, no futebol, mesmo se preparando bem, detectando pontos fortes e fracos do adversário e executando bem o plano, não há garantia de vitória. Claro que você fica mais perto dos três pontos quando faz tudo que foi citado, mas há muitas coisas envolvidas em uma partida, inclusive o acaso.

EPISÓDIO SURREAL

Ainda sobre o que ocorreu na noite de sábado, no Independência, beira o inacreditável a agressão do preparador físico Pablo Fernández ao atacante Pedro depois da vitória do Flamengo sobre o Atlético. Não só pelos dois serem da mesma equipe, mas porque nada justifica a violência, ainda mais em um ambiente profissional.

Se o jogador errou ao parar o aquecimento por conta própria e rechaçar a cobrança do superior por esse motivo, o argentino não poderia de forma alguma partir para as vias de fato. Qualquer que tenham sido as palavras ditas pelo atleta, ou o comportamento dele, o certo seria levar o caso à diretoria rubro-negra, que tomaria as providências cabíveis, como multar o artilheiro, que confirmou se sentir injustiçado diante das poucas chances que vem recebendo do técnico Jorge Sampaoli.

Pedro chegou a revelar, depois de ser agredido, estar em sofrimento psicológico com a situação que vem vivendo no Ninho do Urubu. E aí comete outro erro, pois deveria ter procurado ajuda em vez de se insubordinar. São situações assim que ajudam a explicar porque o Flamengo não tem hegemonia absoluta no futebol brasileiro. O clube mais rico do país, aquele que mais arrecada, não tem o comando adequado.