Justiça

Caso Soraya Tatiana: Tribunal do Júri inicia instrução do caso em BH

O Tribunal do Júri de Belo Horizonte deu início, nesta terça-feira (18), às audiências de instrução do caso que apura o feminicídio da professora Soraya Tatiana, de 56 anos. O filho dela, Matteos França, de 32, réu confesso, responde por feminicídio, ocultação de cadáver e fraude processual. Ele seguirá para júri popular.

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As oitivas desta fase ocorrem nesta terça (18) e quarta-feira (19), no Fórum Lafayette, no Barro Preto, região Centro-Sul da capital. Trata-se da primeira etapa do processo, momento em que são apresentados depoimentos, provas e argumentos ao juiz responsável. Segundo o Tribunal do Júri, testemunhas de acusação e defesa serão ouvidas, além do próprio réu. As sessões começam às 13h e o processo corre em segredo de justiça.

Réu confesso e transferências de prisão

Matteos França foi preso em 25 de junho e confessou o crime ainda na Delegacia. Desde então, passou por duas unidades prisionais. Ele alegou ter sido ameaçado no Ceresp Gameleira e, depois, no Presídio Inspetor José Martinho Drumond, em Ribeirão das Neves. Atualmente, cumpre prisão preventiva no Presídio de Caeté.

O que aconteceu no dia do crime

Segundo o delegado Álvaro Homero Huertas dos Santos, mãe e filho discutiram por questões financeiras. Matteos acumulava dívidas de jogos e empréstimos consignados, o que, segundo ele, o deixou “atordoado”. Durante a briga, ambos se levantaram, e o réu afirmou ter enforcado a mãe após um “surto”.

Logo depois, Matteos colocou o corpo no porta-malas do carro da própria mãe e dirigiu até um local ermo. A Polícia Civil afirmou que não há indícios de participação de terceiros nem de violência sexual.

Como o corpo foi localizado

O corpo de Soraya foi encontrado em 20 de julho, sob um viaduto na avenida Adélia Issa, no bairro Conjunto Caieiras, em Vespasiano, na região metropolitana. Ela estava parcialmente coberta por um lençol e vestia apenas a blusa cinza.

Contradições e prisão

Segundo fontes da investigação, Matteos foi detido após inconsistências entre seu depoimento inicial e imagens que registraram o carro da vítima indo em direção ao local onde o corpo foi deixado. Manchas de sangue encontradas no porta-malas também contrariaram a primeira narrativa apresentada por ele, que afirmava não ter usado o veículo desde o desaparecimento da mãe.

O réu não resistiu à prisão e disse estar arrependido. Na época, estava na casa do pai e não havia contado o crime a ninguém.

A versão inicial e as buscas

No boletim de ocorrência feito antes de ser apontado como suspeito, o próprio filho relatou que havia saído de casa para uma viagem à Serra do Cipó. Ele afirmou que a mãe estava na sala, de camisola cinza, quando se despediram. No dia seguinte, ao não obter resposta de mensagens enviadas para Soraya, pediu que uma tia fosse até o apartamento acompanhado de um chaveiro, mas nada foi encontrado no local.

Com o pai, percorreu hospitais e o Instituto Médico Legal (IML), além de acionar amigas da professora, numa tentativa de simular buscas pela vítima.

Quem é Matteos França

Formado em relações públicas, ele atuava como assessor de comunicação estratégica na Secretaria de Estado de Desenvolvimento Social (SEDS) desde 2021. Dias após o enterro da mãe, publicou uma mensagem de despedida nas redes sociais, o que reforçou a tentativa inicial de afastar suspeitas.

As audiências desta semana ajudam a definir se o réu será levado a julgamento em júri popular, etapa final do processo. O caso mobiliza a comunidade acadêmica e educadores, que pedem justiça para Soraya Tatiana.

Maria Clara Landim

Jornalista formada pela PUC Minas, com experiência em fotojornalismo, assessoria de imprensa e jornalismo digital. Já atuou nas redes sociais e na redação da Rádio Itatiaia e como pesquisadora na Comunidade Quilombola de Pinhões. Atualmente, é repórter e redatora nos portais Sou BH e Aqui.

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