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Mãe tentou assassinar filha colocando-a em forno

Ashley Hodo cresceu acreditando que tinha sobrevivido a um incêndio doméstico. Aos 14 meses, sofreu queimaduras de terceiro grau em mais de 30% do corpo. Até os 15 anos, sua família sustentava a versão de que tudo não passava de um acidente. A verdade, no entanto, era ainda mais violenta: a mãe dela, Melissa Wright, colocou a filha dentro de um forno aquecido a 300°C. O crime aconteceu no Alabama (EUA), em 2001. Melissa foi condenada por tentativa de homicídio e continua presa.

Hoje, com 25 anos, Ashley decidiu contar publicamente sua história ao tabloide britânico The Sun. Segundo ela, desde os 10 anos tinha pesadelos recorrentes com a cena: sua mãe a pegando no colo, levando até a cozinha, e a dor insuportável que vinha em seguida. “Acordava sempre no hospital, com uma enfermeira ao meu lado. Não entendia por quê”, disse.

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Ashley passou boa parte da infância em hospitais e salas de cirurgia. Foram 72 procedimentos para reconstrução da pele e alívio das dores. “A cada seis meses, implantavam bolsas de soro sob as cicatrizes para esticar a pele nova”, contou. Enquanto isso, vivia sob os cuidados de uma tia. O pai, Robert, sofria de transtorno pós-traumático e não conseguiu criar a filha após o episódio.

Aos 15 anos, depois de anos de silêncio e dúvidas, Ashley recebeu a confirmação. Um promotor do Alabama revelou a ela que sua mãe a colocou deliberadamente no forno. Melissa Wright havia se declarado culpada e enfrentaria uma nova audiência de liberdade condicional — a primeira em que Ashley teria direito a opinar.

“Fiquei em choque. O promotor espalhou fotos da menina com o corpo coberto por bolhas — eu reconheci que era eu”, relatou. Os investigadores afirmaram, na época, que Melissa agiu por ciúmes da atenção que o pai dava à filha.

Ashley se posicionou contra a liberdade da mãe. “Disse ao conselho que ela não era confiável perto de crianças. Felizmente, ela não apareceu na audiência. A condicional foi negada”, afirmou.

Apesar da posição firme, Ashley tentou entender o que levou a mãe ao crime. Escreveu uma carta, mas não teve resposta. Anos depois, em 2012, a irmã mais nova, Courtney, defendeu a mãe, afirmando que ela não representava mais perigo e fazia acompanhamento médico.

Ashley seguiu em frente. Estudou, formou-se em pediatria e tentou reconstruir a vida. Em 2021, deu à luz seu primeiro filho. No ano seguinte, nasceu sua filha. Meses depois, o pai morreu. “Foi mais um golpe, mas com duas crianças pequenas, precisei me manter firme”, contou.

Em junho de 2023, Ashley teve a terceira filha, Jaylee. A menina morreu um mês depois, vítima de pneumonia. “Achei que não aguentaria. Mas tinha outros dois filhos para cuidar”, disse.

No fim de 2023, Melissa fez contato por telefone. Pedia para ver os netos e queria morar com a filha após deixar a prisão. Ashley recusou. “Ela estava delirando. Disse que queria ser a mãe perfeita agora. Quando neguei, ela surtou e disse que preferia que eu tivesse morrido. Desliguei na hora.”

Melissa Wright será transferida para uma casa de reabilitação em abril de 2026. A soltura definitiva está prevista para 2027. Ashley, por sua vez, continua vivendo com cicatrizes profundas — físicas e emocionais —, mas afirma que sua prioridade é proteger os filhos e manter distância da mulher que tentou matá-la ainda bebê.

MARIA LUÍZA AMORIM MENDES

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