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Papa pode ser qualquer católico? Veja quem entra na disputa pelo Vaticano

A morte do papa Francisco, anunciada nesta segunda-feira (21), aos 88 anos, no Vaticano, não marca apenas o fim de um pontificado. Ela abre caminho para um dos rituais mais antigos e solenes da Igreja Católica sobre a escolha de um novo papa.

Mas afinal, quem pode ser papa? A pergunta, que volta a circular sempre que o trono de Pedro fica vago, tem uma resposta simples na teoria e bem mais complexa na prática.

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Todo católico pode ser eleito

Tecnicamente, qualquer homem batizado na fé católica pode se tornar papa. Não há exigência de nacionalidade, etnia ou origem social. Não é preciso ser cardeal, nem bispo.

Ainda assim, ao longo dos séculos, a eleição sempre recaiu sobre alguém do alto clero. Na prática, o escolhido é quase sempre um cardeal — membro da cúpula eclesiástica que já atua perto da liderança do Vaticano.

Isso ocorre por uma razão lógica de que os cardeais, além de já conhecerem a estrutura da Igreja, são os próprios eleitores. E como votam entre si, tendem a escolher alguém de dentro do grupo.

Atualmente, a Igreja tem 252 cardeais no mundo todo. No entanto, apenas 135 deles têm menos de 80 anos e estão aptos a votar. Eles são chamados de cardeais eleitores e formam o grupo que participa do Conclave, a assembleia que define o novo papa.

O que acontece agora?

Com a morte de Francisco, a Igreja entra em um período chamado Sé Vacante, ou seja, sem um pontífice no comando. Durante nove dias, o Vaticano realiza cerimônias fúnebres e homenagens. O enterro geralmente ocorre entre o 4º e o 6º dia após a morte.

Nesse intervalo, quem cuida da administração da Santa Sé é o camerlengo — atualmente o cardeal Kevin Farrell. É ele quem organiza o funeral e também quem convoca o Conclave.

O Conclave começa entre o 15º e o 20º dia após a morte do papa. Os cardeais eleitores se reúnem no Vaticano e ficam em isolamento absoluto até a escolha do novo líder. Não têm acesso a jornais, internet, televisão ou telefone.

Como a eleição acontece?

Tudo se passa dentro da Capela Sistina, em Roma. A cada rodada de votação, cada cardeal escreve o nome do seu candidato em um papel com a frase “Eligio in Summum Pontificem” (Eu elejo como Sumo Pontífice). Para garantir sigilo, não podem usar sua caligrafia habitual.

São realizadas até quatro votações por dia: duas pela manhã e duas à tarde. Se nenhuma escolha for feita até o segundo dia, o terceiro é reservado apenas à oração e contemplação.

Para que um candidato vença, precisa obter dois terços dos votos. Quando isso acontece, as cédulas são queimadas com uma substância que produz fumaça branca — sinal para os fiéis na Praça São Pedro de que um novo papa foi escolhido.

Caso a votação não tenha sucesso, a fumaça é preta. É o símbolo de que o mundo ainda espera.

O que acontece depois da escolha?

O eleito é questionado se aceita o cargo. Se disser sim, escolhe o nome com o qual será conhecido como papa e veste os paramentos oficiais. Em seguida, os outros cardeais prestam homenagem e juram obediência.

O anúncio oficial acontece da sacada da Basílica de São Pedro, com a famosa frase em latim: “Habemus Papam” (Temos um papa). Logo após, o novo líder aparece e dá sua primeira bênção: urbi et orbi — à cidade e ao mundo.

Ana Clara Parreiras

Jornalista formada pelo UniBH, com experiência em comunicação corporativa, social media, marketing e redação. Já atuou na comunicação da Associação dos Suinocultores de Minas Gerais, no marketing do grupo Diários Associados e na redação do Jornal Estado de Minas. Atualmente, é repórter e redatora nos portais Sou BH e Aqui.

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Ana Clara Parreiras
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