
Rafflesia hasseltii em florescimento nas florestas de Sumatra, registrada após 13 anos de buscas por pesquisadores. Crédito: Reprodução / Redes Sociais
Durante uma expedição noturna em Sumatra, na Indonésia, uma equipe de cientistas encontrou a raríssima flor parasita Rafflesia hasseltii e viveu um momento de forte emoção. O biólogo Septian Deki Andrikithat buscou a espécie durante 13 anos e, ao finalmente avistá-la, acabou chorando. O grupo registrou a cena em um vídeo divulgado nas redes sociais na segunda-feira, 24.
A expedição, formada por pesquisadores do Reino Unido e da Indonésia, avançou por uma área de floresta em Sumatra Ocidental até localizar a flor começando a se abrir. Essa descoberta encerrou uma busca que durou mais de uma década e, consequentemente, marcou um avanço significativo para o estudo da espécie. Para chegar ao local, os cientistas viajaram mais de 20 horas desde Bengkulu e caminharam por uma região completamente sem sinal de celular. Eles encontraram a planta em uma área monitorada por agentes florestais, conforme relataram à BBC.
A busca fazia parte de um amplo estudo sobre espécies ancestrais de Rafflesia. Pesquisadores de Oxford e da Agência Nacional de Pesquisa e Inovação da Indonésia analisam 42 espécies distribuídas pelo Sudeste Asiático. Assim, a localização da Rafflesia hasseltii prestes a florescer se tornou um bônus inesperado da expedição. O grupo utiliza sequenciamentos realizados em supercomputadores para comparar populações da Indonésia, Malásia, Filipinas e possivelmente do sul da Tailândia. Além disso, os pesquisadores planejam novas viagens, incluindo uma para Kalimantan Ocidental.
A Rafflesia hasseltii apresenta extrema raridade e grande dificuldade de identificação. O professor Agus Susatya afirmou à BBC que a espécie se destaca por sua beleza singular: ela possui manchas brancas grandes, coloração vermelho-arroxeada e pode atingir até 70 centímetros de diâmetro. Além disso, sua presença indica que a floresta permanece saudável, já que a planta depende exclusivamente do ambiente original e não pode ser transplantada.
Até recentemente, a espécie só aparecia em ilustrações produzidas no século 19. O botânico Chris Thorogood, da Universidade de Oxford, explicou à BBC que localizar essa flor é tão difícil que, historicamente, apenas tigres costumavam encontrá-la. Esse fato ocorre porque a Rafflesia cresce no interior da mata, floresce geralmente à noite e exige caminhadas de vários dias até que alguém a aviste.