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Acusada de duplo envenenamento tinha dívida milionária

A polícia de Ribeirão Preto (SP) revelou mais uma camada sombria no caso que envolve a morte de duas mulheres da mesma família. Elizabete Arrabaça, de 67 anos, suspeita de envenenar a própria filha, Nathália Garnica, e a nora, Larissa Rodrigues, teria acumulado uma dívida superior a R$ 320 mil, distribuída entre diversos financiamentos.

A situação financeira crítica veio à tona após a prisão da idosa. Viviane, outra filha de Elizabete, passou a gerenciar as finanças da mãe e encontrou uma avalanche de débitos ocultos. “Ela se surpreendeu ao ver tantos empréstimos em nome da mãe”, disse o advogado da acusada, Bruno Correa, ao portal G1. O motivo desse endividamento ainda não foi esclarecido, mas os investigadores acreditam que isso pode ter motivado os crimes cometidos entre fevereiro e março deste ano.

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O ex-marido de Elizabete, Antonio Garnica, ex-prefeito de Pontal (SP), também prestou depoimento e acrescentou um dado inquietante: durante o casamento, ela fez um seguro de vida em nome dele sem que ele soubesse. “Na época, ele achou que era uma precaução, mas hoje teme ter escapado de ser mais uma vítima”, contou Júlio Mossin, advogado do filho do casal, Luiz Garnica, preso sob suspeita de envolvimento nas mortes.

O Ministério Público deve apresentar denúncia formal contra Elizabete e Luiz nos próximos dias. Segundo o promotor Marcus Túlio Nicolino, ambos podem ser condenados a mais de 30 anos de prisão. “As provas apontam que Elizabete tinha pleno controle sobre o veneno. Isso agrava sua situação”, afirmou.

Duas mortes com o mesmo veneno

Larissa Rodrigues, de 37 anos, foi encontrada morta em março, poucos dias após descobrir uma traição do marido e ameaçar se separar. Um mês antes, Nathália Garnica, de 42, que atuava na Vigilância Sanitária de Pontal, também havia morrido. A ligação entre os casos só foi percebida após a exumação do corpo de Nathália, motivada pela morte da cunhada.

Exames apontaram que ambas morreram por envenenamento com “chumbinho” — apesar de composições químicas diferentes nos dois casos.

Em uma carta, Elizabete tentou justificar a presença do veneno. Disse que Nathália havia adquirido dois frascos do produto para lidar com ratos e que ela, Elizabete, os guardou na bolsa junto com medicamentos. Segundo sua versão, alguém teria misturado o “chumbinho” a um remédio, o que teria causado a morte de Larissa por acidente.

A explicação não convenceu a polícia. O delegado Fernando Bravo declarou que Larissa já havia relatado sintomas de envenenamento após visitas da sogra. Após encontrar o corpo da esposa em estado de rigidez, Luiz Antônio — marido da vítima e filho de Elizabete — tentou limpar o apartamento antes da chegada da polícia. “Esse comportamento só reforçou nossas suspeitas sobre o envolvimento dele”, disse Bravo.

Agora, mãe e filho enfrentam acusações que vão além do envenenamento: eles são apontados como cúmplices em um plano familiar macabro que terminou com duas mortes e um rastro de dívidas e desconfiança.

(Foto: reprodução/Instagram)
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MARIA LUÍZA AMORIM MENDES

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