Ciência
Asteroide muda de rota e pode atingir a Lua em 2032
Antes apontado para a Terra, 2024 YR4 agora tem 3,8% de chance de impactar o satélite natural, segundo a NASA
O que parecia ser uma ameaça à Terra agora pode terminar em um clarão na superfície lunar. O asteroide 2024 YR4, que chegou a assustar a comunidade científica com a maior chance já registrada de colisão com o nosso planeta, agora tem outro destino em vista: a Lua.
Segundo a NASA, há 3,8% de chance de o asteroide atingir o satélite natural em 2032. Pode parecer pouco, mas para os astrônomos, é o suficiente para manter os olhos (e telescópios) bem atentos.
O 2024 YR4 foi descoberto em dezembro do ano passado. Com tamanho estimado entre 40 e 90 metros de diâmetro, sua rota inicial indicava risco real de impacto na Terra — com 3,1% de chance, a maior probabilidade já observada para um asteroide até então.
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Havia até possíveis regiões de impacto: Colômbia, Camarões e Índia estavam entre os alvos mapeados. Um impacto dessa proporção causaria danos relevantes e formaria uma cratera. Mas, em fevereiro, observações mais precisas afastaram esse cenário e o risco caiu para praticamente zero.
Mas e a Lua?
Só que o alívio durou pouco. Em abril, novas imagens captadas pelo telescópio espacial James Webb — o mais potente já lançado — indicaram uma mudança de curso e agora, a Lua entrou na rota do asteroide.
Com os novos dados, o tamanho do objeto também foi refinado: entre 53 e 67 metros de diâmetro. O 2024 YR4, aliás, é o menor objeto já analisado com o James Webb até hoje.
E se ele realmente bater na Lua?
De acordo com a astrônoma Plícida Arcoverde, do Observatório Nacional, impactos lunares são mais comuns do que se imagina. A Lua, diferente da Terra, não tem atmosfera para proteger sua superfície. Quando uma rocha espacial chega até lá, ela simplesmente… bate.
“Esses objetos viajam a dezenas de quilômetros por segundo. Se houver impacto, é provável que o asteroide se fragmente e forme uma nova cratera. Mas a órbita da Lua não muda por causa disso”, explica.
Ainda segundo Plícida, em alguns casos, o clarão do impacto pode ser visto da Terra, dependendo da força da colisão e do equipamento usado para observação. Uma pequena fração da energia se transforma em luz visível — é como se um “flash” surgisse no céu lunar.
Por que se preocupar, se ninguém mora lá?
A pergunta parece lógica, mas a resposta está no futuro. Monitorar impactos na Lua ajuda a entender o risco que grandes meteoroides representam para missões espaciais — especialmente agora, que vários países estão com planos de voltar a pisar no solo lunar.
A China pretende levar humanos até a Lua em 2030. Os Estados Unidos, pela missão Artemis 3, previam a viagem para 2027. Mas com a nova gestão da NASA no governo de Donald Trump, há indícios de que o foco poderá mudar para Marte, o que pode alterar o calendário.
O que acontece agora?
A NASA deve continuar observando o 2024 YR4 ainda neste mês e no início de maio. Até lá, ele segue sendo monitorado, como tantos outros corpos que cruzam o espaço e, por um breve instante, cruzam também nossa imaginação.