Em um trágico incidente ocorrido em Ubatuba, São Paulo, um avião de pequeno porte, modelo Cessna Citation, protagonizou um acidente que resultou na morte do piloto. O evento ocorreu em condições climáticas desfavoráveis, com a pista do aeroporto molhada devido à chuva, o que demandava maior extensão para que a aeronave pudesse aterrissar com segurança.
O aeroporto de Ubatuba, onde o acidente ocorreu, possui uma pista oficialmente medindo 940 metros, porém apenas 560 metros estavam disponíveis para utilização na direção do pouso da aeronave. Isso apresenta um desafio significativo para qualquer aeronave, especialmente sob condições adversas, como as relatadas naquele dia.
Cinco pessoas estavam na aeronave e foram socorridas pelo SAMU. O Corpo de Bombeiros resgatou o piloto das ferragens e prestou atendimento no local, mas ele não resistiu.
O manual da aeronave Cessna Citation C525 indica que, em uma pista molhada, a aeronave necessita entre 838 e 1.097 metros para parar completamente, dependendo do peso de pouso. Em situações ideais ainda insuficientes naquele local, a aeronave ligeira necessitaria de pelo menos 685 metros. Esses números mostram claramente que as condições em Ubatuba eram insuficientes para um pouso seguro, considerando a pista disponível.
Fatores como peso da aeronave, temperatura externa, pressão atmosférica e, especialmente, a condição da pista (seca ou molhada) influenciam diretamente na distância necessária para aterrissagem. Pistas molhadas representam um risco aumentado, demandando mais espaço para que a aeronave efetue a frenagem.
O aeroporto de Ubatuba é um aeroporto não controlado. Isso significa que não há uma torre de controle de tráfego aéreo, tornando o gerenciamento do espaço aéreo dependente da coordenação direta entre os próprios pilotos. Essa característica exige maior atenção e precisão no planejamento de voo pelos pilotos, destacando a importância da comunicação e coordenação mútua.
A incursão além dos limites da pista, chamada de “excursão de pista”, é um tipo de incidente comum, sendo registrado com certa frequência no Brasil, conforme relatórios do Centro de Investigação e Prevenção de Acidentes Aeronáuticos (Cenipa). Entre 2004 e 2013, a média foi de 28 casos por ano, refletindo a gravidade e a regularidade dessa ocorrência.
O Cenipa conduzirá a investigação das causas do acidente ocorrido em Ubatuba. A análise visará identificar fatores contribuintes para o acidente, sejam eles humanos, mecânicos ou ambientais. O objetivo é desenvolver recomendações que possam prevenir futuros incidentes semelhantes, melhorando assim a segurança operacional das aeronaves em pistas curtas ou em condições adversas.
A traseira da aeronave emergiu em chamas ao cruzar a pista que margeia a praia, reafirmando a necessidade de se avaliar rigorosamente as condições de pista e o planejamento adequado antes de operações de pouso em aeroportos de pequena capacidade, como é o caso de Ubatuba.