Comerciantes de Matozinhos mudam rotina por medo; autor do boato diz que queria testar comportamento das pessoas
A rotina de uma comerciante de 60 anos, moradora de Matozinhos, na Região Metropolitana de BH, mudou desde o último sábado (21), após ela ser apontada, de forma falsa, como a vencedora do prêmio de R$ 127 milhões da Mega-Sena.
A informação foi divulgada por um vizinho, que afirmou ter criado o boato como parte de um “experimento social”.
Desde então, a idosa e seus familiares passaram a receber ligações com ameaças e pedidos de dinheiro.
A movimentação em torno da casa aumentou, e os donos de uma hamburgueria no bairro Estação passaram a reforçar os cuidados ao abrir o estabelecimento, principalmente durante a noite. Na quarta-feira (25), a família procurou a Polícia Civil e registrou boletim de ocorrência.
Segundo a idosa, que preferiu não se identificar, há dias a família lida com ligações de desconhecidos e com o receio constante de alguma tentativa de abordagem.
Pessoas que circulam próximas à residência são observadas com desconfiança, e a tensão impactou diretamente o funcionamento da hamburgueria da família.
A comerciante relatou que o sobrinho recebeu ligações com ameaças de sequestro caso o suposto valor ganho na loteria não fosse transferido. Também foram feitos pedidos por dinheiro, carro e até pela cessão do próprio negócio da família.
O clima de desconfiança se estendeu até entre amigos próximos, que passaram a duvidar da veracidade do desmentido.
A Caixa Econômica Federal confirmou que o vencedor da Mega-Sena se apresentou na terça-feira (24) para retirar o prêmio, e que a aposta foi feita presencialmente.
A idosa disse ter feito aposta online, o que já afastaria a possibilidade de ser a ganhadora.
O autor da informação falsa é um homem de 33 anos, vizinho da família. Ele afirmou que a ideia era mostrar como as pessoas acreditam em tudo que veem nas redes sociais e alertar sobre os perigos da exposição digital.
Disse ainda que a “brincadeira” foi feita em apenas um grupo de mensagens e que a própria família foi avisada da intenção.
Apesar disso, a divulgação se espalhou rapidamente na cidade. Em pouco tempo, outros moradores passaram a inventar histórias, como supostos avistamentos da idosa gritando nas ruas ou no aeroporto.