
Renê Junior é o assassino confesso do gari Laudemir Fernandes
O Tribunal do Júri de Belo Horizonte realiza, nesta quarta-feira (19), uma etapa decisiva do Caso Laudemir. O empresário Renê da Silva Nogueira Júnior, de 47 anos, réu confesso do assassinato do gari Laudemir de Souza Fernandes, de 44 anos, será interrogado de forma on-line durante o segundo dia de audiências de instrução. A sessão ocorre no 1º Tribunal do Júri Sumariante do Fórum Lafayette, no bairro Barro Preto, região Centro-Sul da capital.
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A nova fase do processo deve reunir também seis testemunhas de defesa, segundo o veículo de comunicação O Tempo, marcando mais um avanço na análise das provas e depoimentos que sustentam a acusação de homicídio triplamente qualificado, por motivo torpe, recurso que dificultou a defesa da vítima e perigo comum, além de porte ilegal de arma de fogo, ameaça e fraude processual.
Na última terça-feira (25), o tribunal ouviu quatro colegas de trabalho de Laudemir e policiais envolvidos no atendimento da ocorrência. Todos relataram que a postura de Renê Júnior, no momento da briga de trânsito, foi agressiva, consciente e intencional.
Segundo as testemunhas, Renê teria freado o veículo, descido armado e disparado contra Laudemir, que trabalhava na coleta de lixo no bairro Vista Alegre, na região Oeste de BH. Em um dos relatos, um colega da vítima afirmou que o réu chegou a mirar primeiro na motorista do caminhão, ajustar a postura e, em seguida, mudar o foco para o gari, que estaria distraído.
O depoimento também cita a ameaça direta: “Vou dar um tiro na sua cara”, atribuída ao empresário instantes antes do disparo.
Além disso, investigadores confirmaram que Renê pesquisou o termo “gari morto” em uma plataforma de buscas após o crime. Ele também teria tentado esconder a arma usada, conforme mensagens enviadas à esposa, a delegada Ana Paula Lamego Balbino.
O homicídio ocorreu na manhã de 11 de agosto, por volta das 9h. Durante uma discussão de trânsito, o empresário sacou uma pistola e ameaçou a motorista do caminhão de coleta. Logo depois, atirou em Laudemir, que tentou apaziguar a situação. O gari foi atingido na região torácica e chegou a ser socorrido ao Hospital Santa Rita, em Contagem, mas não resistiu.
Após o disparo, Renê fugiu no carro BYD cinza. Ele foi localizado horas depois, enquanto malhava em uma academia no bairro Estoril, também em Belo Horizonte. O empresário não resistiu à prisão.
Vídeos de câmeras de segurança registraram Renê mantendo uma rotina considerada “normal” após o crime. As imagens mostram o empresário chegando à sede da empresa em Betim, cumprimentando colegas, indo para casa, escondendo a arma na mochila e, em seguida, passeando com os cachorros.
Laudemir de Souza Fernandes trabalhava como gari na Localix Serviços Ambientais. Familiares e colegas o descrevem como um homem pacífico, dedicado e querido, tanto no trabalho quanto em casa. Ele deixou esposa, uma filha de 15 anos e enteadas. Segundo a empresa, o gari tentava evitar o conflito quando foi atingido.
A delegada Ana Paula Lamego Balbino, esposa do empresário, também é investigada. A arma usada no crime, uma pistola calibre .380, está registrada em nome dela e é de uso particular.
O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) defende que a delegada deve ser responsabilizada de forma solidária pela morte do gari.
O processo referente a Ana Paula foi desmembrado e encaminhado a uma vara criminal responsável por crimes comuns. Ainda não há previsão para as audiências.