Aproximadamente R$ 4 milhões: este é o prejuízo estimado pelo Sindicato das Empresas de Transporte de Passageiros de Belo Horizonte (Setra-BH) por conta dos seis ônibus incendiados desde o início do mês de maio. Na madrugada deste sábado, mais dois ônibus foram incendiados em Belo Horizonte, desta vez nos bairros Campo Alegre e Eymard. Dois homens suspeitos de destruir um dos coletivos foram presos pela PM.
Em menos de dois dias, três coletivos foram queimados em BH. Na sexta (27), o ataque aconteceu no bairro Jaqueline, região Norte da capital. Em todos os atentados, os criminosos deixaram cartas dizendo que a motivação dos crimes está ligada às péssimas condições dos presídios e a proibição das visitas de familiares aos presos.
De acordo com o diretor-presidente do Setra-BH, Raul Lycurgo Leite, as empresas de ônibus não tem condições de repor os coletivos. “Este tipo de situação não é previsto nos seguros e, com isso, as empresas não recebem a indenização. E na situação em que estamos, não há como repor estes ônibus. Quem acaba pagando a população que tem o serviço prejudicado”, explica.
Cada coletivo destruído em Belo Horizonte, custa atualmente aproximadamente R$ 600 mil. Somente neste ano, oito veículos já foram destruídos pelos ataques de criminosos na capital mineira. O número já é o maior desde 2018, quando três ônibus foram queimados.
Visitas aos presídios
Nos ataques realizados durante esta semana, os criminosos deixaram bilhetes e cartas indicando que as ações criminosas eram motivadas pelas péssimas condições a que os presos estão submetidos nas unidades prisionais de Minas Gerais. Em 2020, após o início da pandemia de Covid-19 as visitas aos presos foram suspensas, mas foram retomadas gradualmente em 2021.
No entanto, devido à operação legalidade, iniciada pelas forças de segurança em 2022 para cobrar um reajuste salarial ao Governo do Estado, as visitas foram diminuídas. “Éramos pouquíssimos policiais penais trabalhando na unidade e, em extrema escassez, isso colocava em risco, inclusive, a integridade física deles, dos presos e destes familiares”, explica Jean Otoni, presidente do Sindicato dos Policiais Penais de Minas Gerais (Sindipen).
Condições dos presos
Segundo Ana Lúcia dos Santos, coordenadora da Pastoral Carcerária de Minas Gerais entidade ligada à Arquidiocese de Minas Gerais, existem diversas denuncias de maus-tratos e desrespeito aos presos. “O banho de sol dos presos, que é um direito, ainda não foi completamente normalizado, só está sendo concedido quando há policiais penais em número suficiente”, garante Ana Lúcia.