
Justiça condena médico em Santa Catarina por comandar esquema de fura-fila no SUS. Crédito: Banco de imagens/ Px Here
A Justiça de Santa Catarina condenou um médico a 17 anos e seis meses de prisão por liderar um esquema que furava a fila de cirurgias eletivas do SUS. O Tribunal de Justiça confirmou a decisão na última sexta-feira (14) e descreveu que o profissional cobrava valores ilegais para antecipar procedimentos que deveriam seguir a ordem regular de espera.
O médico atuava como cirurgião-geral em um hospital de Tangará, no Meio-Oeste, e, ao longo da investigação, os promotores identificaram 14 pacientes beneficiados entre setembro de 2017 e janeiro de 2018.
Além disso, as interceptações telefônicas revelaram negociações constantes: ele discutia preços, organizava listas de favorecidos e ajustava cada detalhe com um intermediário. Desse modo, ele garantia prioridade em troca de dinheiro. Em várias ocasiões, ele ainda registrava internações como emergências para justificar operações imediatas.
Os pagamentos aconteciam diretamente ou por meio de terceiros. Os valores variavam de R$ 300 a R$ 1.200, conforme o tipo de cirurgia. Entre os procedimentos realizados com cobrança irregular estavam fimose, retirada de vesícula e histerectomia. Enquanto isso, o esquema se expandia para outras cidades da região e ganhava complexidade.
O Ministério Público identificou 27 pessoas envolvidas, incluindo médicos, empresários, agentes públicos, políticos e pacientes de diferentes municípios. O grupo praticou corrupção ativa, corrupção passiva e inserção de informações falsas nos sistemas do SUS. Assim, o esquema alterou registros, burlou controles e comprometeu a fila de atendimento.
A sentença determinou que o Tribunal comunique o Conselho Regional de Medicina e reforce imediatamente os mecanismos de fiscalização do SUS. Além disso, a decisão impôs multa e retirou o médico do cargo público. Por fim, mesmo condenado, ele ainda pode recorrer ao Tribunal de Justiça e seguir o processo em liberdade.