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Morte em série atinge gatos e levanta suspeita de envenenamento
Restos de ração com substância escura foram encontrados no antigo Jardim Zoológico. Protetores denunciam crime e exigem investigação
Pelo menos 13 gatos morreram de forma repentina e suspeita nos últimos dias em uma colônia localizada nas ruínas do antigo Jardim Zoológico, em Vila Isabel, Zona Norte do Rio. A sequência de óbitos começou em 14 de maio e deixou em alerta os voluntários que cuidam dos animais. A principal hipótese: envenenamento.
A rotina dos cuidadores virou pesadelo após encontrarem sacos com restos de ração misturados a um pó escuro e grânulos pretos espalhados no ponto de alimentação dos animais. “Acreditamos que seja chumbinho, mas ainda não conseguimos um laboratório que analise o material. Estamos tentando ajuda”, relatou uma das protetoras, que preferiu não se identificar por medo de represálias.
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Os corpos não apresentam sinais de ferimentos ou doenças aparentes, o que reforça a suspeita de intoxicação. A substância conhecida como “chumbinho” é ilegal no Brasil, letal mesmo em pequenas doses, e pode matar tanto animais quanto humanos em minutos. Ainda assim, sua comercialização clandestina persiste.
“É cruel. Esses gatos já lidam com abandono, fome e intempéries. Agora, enfrentam a morte de forma silenciosa e sistemática. Cuidamos deles com os próprios recursos, nas ruas, sem apoio. Castramos, alimentamos, damos remédio. E agora isso”, desabafa a mesma voluntária.
O grupo, formado por quatro pessoas fixas e reforçado por moradores solidários, realiza trabalho contínuo com o método CED, capturar, esterilizar e devolver, além de acolher os gatos em casa durante o pós-operatório. “Cada animal salvo é uma conquista. Mas agora parece que estamos perdendo uma guerra”, lamenta.
Adoções também integram o trabalho. Os resgatados ganham espaço em um pet shop parceiro por até 30 dias, aguardando uma chance de lar definitivo. “Essa parceria salvou vidas. Muitos gatos já foram adotados assim”, conta a protetora.
Mas o abandono não dá trégua. Entre novembro e fevereiro, as ninhadas aumentam, e filhotes são largados em caixas de papelão. “Já encontramos recém-nascidos deixados à própria sorte. Trabalhamos sem parar, mas agora, com mortes diárias, tudo fica mais difícil”, afirma.
Os protetores buscam ajuda urgente para analisar o material recolhido e confirmar o uso de veneno, o que pode abrir caminho para uma investigação formal. “Estamos sozinhos. Precisamos de apoio técnico, jurídico e institucional. Talvez uma análise toxicológica salve os que ainda estão vivos”, diz a cuidadora.
Maus-tratos a animais são crime ambiental. A legislação brasileira prevê até cinco anos de prisão para quem matar cães ou gatos de forma intencional. No entanto, até o momento, os responsáveis seguem impunes.