Família assassinada em Itaperuna (RJ) aparece reunida em imagem registrada dentro de uma igreja, antes do crime que chocou o país (Foto: reprodução)
A adolescente de 15 anos apreendida sob suspeita de participação no assassinato de uma família em Itaperuna, no interior do Rio de Janeiro, surpreendeu investigadores não apenas pela frieza diante do crime, mas pelo grau de influência que teria exercido sobre o namorado, de 14 anos, autor confesso dos assassinatos dos próprios pais e do irmão de 3 anos.
Moradora de Água Boa, em Mato Grosso, a jovem vinha mantendo um relacionamento virtual com o adolescente havia seis anos. Ela é descrita por pessoas próximas como reservada, estudiosa e com comportamento discreto. Aluna de escola particular, se destacava por suas boas notas e por ser considerada tímida. A imagem construída no ambiente escolar contrasta com a do inquérito policial, no qual ela é vista como figura central no planejamento e execução do triplo homicídio.
Leia mais
De acordo com as investigações, a jovem teria pressionado emocionalmente o namorado a cometer os assassinatos para que ele pudesse se mudar para Mato Grosso e viver com ela. Em mensagens trocadas pelo celular, ela teria dado instruções detalhadas durante o crime, inclusive incentivando o momento do disparo contra a mãe do garoto, dizendo: “atira nela agora”.
A polícia também identificou conversas em que os dois falavam sobre matar os próprios pais, sugerindo que o crime foi premeditado. O adolescente, segundo os relatos, se sentia pressionado pela namorada e desejava escapar das restrições impostas pela família. Ele executou os assassinatos no dia 21 de junho, com um revólver calibre 32 pertencente ao pai.
A jovem foi apreendida no dia 30 de junho pela Polícia Civil do Mato Grosso do Sul. Durante o depoimento, que durou quase três horas, ela manteve a calma e respondeu aos investigadores abraçada a um ursinho de pelúcia. As autoridades preparam o ambiente para a escuta da menor, com presença de psicólogos e da mãe. Apesar de dizer que foi influenciada e que sofria pressão, a polícia considera sua participação ativa.
O conteúdo do notebook da adolescente será periciado. Os investigadores querem entender se ela criou perfis falsos para manipular o namorado ou se fazia parte de grupos virtuais que incitam violência. Também se investiga o consumo, por ambos, de jogos de terror psicológico e conteúdos potencialmente influenciadores de condutas violentas.
O caso vem levantando discussões sobre a influência das relações virtuais em jovens vulneráveis e os riscos do isolamento digital. A frieza demonstrada por ambos, somada ao envolvimento de menores, adiciona complexidade ao inquérito, que ainda está em andamento. A expectativa é de que novas provas esclareçam a real extensão da responsabilidade da adolescente nos assassinatos.