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Tensão pré-clássico: Mineirão sedia hoje final do mineiro e autoridades tentam evitar violência entre torcidas

Expectativa é que a proibição de organizadas e a operação da PM seja suficiente para conter rivalidade de torcedores dentro e fora do estádio.

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Essa é apenas a terceira vez que o Mineirão é palco de um clássico com as duas torcidas dividindo as arquibancadas | Foto: Reprodução/Internet

O sábado será marcado pelo clássico entre Atlético e Cruzeiro no Mineirão, às 16h30, na Pampulha. Não só por ser a decisão do Campeonato Mineiro, esse jogo já está na história por marcar o retorno das torcidas com divisão igual de ingressos entre atleticanos e cruzeirenses após 5 anos.

Apesar da expectativa para o jogo, um dia de clássico é uma caixa de surpresas na rotina da cidade que tem experimentado episódios de medo, brigas generalizadas e mortes.

Foi assim na última partida, válida pela primeira fase do Campeonato Mineiro, no dia 6 de Março. Antes do jogo, torcedores das organizadas Máfia Azul e Galoucura marcaram uma briga no bairro Boa Vista, região leste de Belo Horizonte. A confusão resultou na morte de Rodrigo Marlon Caetano, de 25 anos. Ele foi baleado durante o tumulto, chegou a passar por cirurgia no Hospital João XXIII, mas não resistiu a uma parada cardíaca e morreu.

Rodrigo tinha 25 anos e era torcedor do Cruzeiro | Foto: Reprodução/Twitter

Quase um mês após a morte de Rodrigo, a dor é uma companhia indesejada entre os seus familiares. A mãe, Dona Marinete, ainda busca explicações para a morte do filho. “Nunca aprovei ele em Torcida Organizada. A gente vê que é muita violência. Meu filho não era violento mas, de tanto se envolver com a torcida, ficou assim”, lamenta. Dona Marinete diz que sempre avisou seu filho sobre os perigos, mas ele não acreditava que algo assim poderia acontecer. “Quando ele completou 20 anos passou a ir aos jogos. Eu sempre tive medo por causa da rivalidade. A gente está cansado de ver brigas e mortes. Ele não acreditava que isso pudesse acontecer com ele”, lamenta.

Em luto pela perda de Rodrigo, Marinete espera que isso não aconteça mais e que sua dor não passe para outras famílias. “A maioria é marginal, infiltrado lá dentro. Eles fazem um exército de jovens para o mal. Meu filho não era violento, ele foi criado em igreja”, finaliza.

Histórico de confusões

Essa foi apenas mais uma das várias brigas relacionadas às torcidas organizadas em BH. No dia 1º de Março, durante a partida entre Brasil x Paraguai no Mineirão, torcedores de Atlético e Cruzeiro foram até o estádio com o intuito de brigar. A confusão terminou com o presidente da maior organizada do Atlético detido. Em dezembro de 2021, um torcedor atleticano morreu após uma emboscada em um ônibus que não tinha nenhum torcedor da organizada do clube alvinegro.

O Ministério Público de Minas Gerais (MPMG) batalha contra as organizadas já há algum tempo. Segundo o promotor de Justiça de Defesa do Consumidor, Fernando Ferreira Abreu, a decisão de ter um clássico de torcida organizada foi da Federação Mineira de Futebol (FMF) com a Polícia, sem passar pelo MPMG.

Nas últimas semanas, o MPMG vem promovendo ações para coibir a violência entre os torcedores. A mais recente foi a proibição dos membros de torcidas organizadas frequentarem os estádios uniformizados. O promotor Fernando Abreu vê com bons olhos a ação do MP. “É um grande passo pra gente partir para extinção das organizadas que não tem o compromisso com o estatuto social delas. Elas estão claramente, nos últimos tempos, contrariando totalmente sua fidelidade social. O caminho é partir para a extinção mesmo”, afirma o promotor.

Quem também está nesta batalha há anos é o Promotor de Justiça, Francisco de Assis Santiago. A experiência adquirida com os casos de violência vistos na cidade entre torcedores deixa-o pessimista em dias como hoje. Na opinião dele é impossível ter um clássico com torcida dividida em Belo Horizonte. “Por enquanto, eu sou radicalmente contra. Ficou demonstrado que eles não são capazes de viver em harmonia. Todo clássico tem uma briga, uma morte”, afirma.

Francisco Santiago diz que seu maior receio é a briga fora do estádio, onde acontecem os casos mais graves. Para ele, a Justiça ainda é fraca com crimes relacionados às brigas de torcedores. “Isso é crime comum. Precisamos de mais rigor na aplicação das penas. Fez? Prende, julga e condena para cumprir a pena. Se ficar apenas em proibições de entrada no estádio, sem maiores consequências, todos vão ficar na rua. Precisamos de maior rigor na aplicação da lei”, espera.

O promotor é enfático em defender o fim das torcidas e vê com otimismo as últimas ações do Ministério Público. “Quem me conhece sabe há quanto tempo luto pela extinção das torcidas organizadas. A primeira medida do MPMG foi muito boa. É um primeiro passo, quando conseguirmos acabar com as organizadas, vamos melhorar o espetáculo do futebol”, completou o procurador.

Reforço na segurança

Na manhã desta sexta-feira (01), a Polícia Militar destacou em coletiva os principais pontos da operação de segurança do clássico de hoje.

O Tenente-Coronel Flávio Santiago disse que a Polícia irá destacar grande parte de seu contingente para a operação do jogo. Serão cerca de 1.500 policiais nas ruas nesta tarde

Mais informações sobre a operação de segurança da Policia Militar você pode conferir clicando AQUI

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